College Football 2014: Week 12 Review

Paulo Pereira 17 de Novembro de 2014 Análise Jogos College Comments
South Alabama

College Football 2014: Week 12 Review

Caiu o pano sobre mais uma jornada, aproximando-nos do fim da regular season. Como todas as antecessoras, teve de tudo, com as habituais pitadas de drama, feitos desportivos e acontecimentos ímpares. Alabama superou uma prova de fogo, infligindo uma derrota – a primeira – a Mississipi State, nº 1 do ranking. Conseguiu o triunfo suportada numa defesa que pôs em cheque Dak Prescott e os seus pares, assumindo ao mesmo tempo uma candidatura ao título que, até há poucos semanas, parecia improvável. Florida State, que juntamente com Marshall permanece sem derrotas, alimenta-se de thrillers, conseguindo novamente uma recuperação, em Miami, que alcandorará a equipa a nº 1, esta semana. E, depois, temos o resto. Os jogadores. Os que fazem movimentar um mercado que jorra milhões para todos, menos para eles. Esses, os que são vitoriados por fãs eufóricos, que alimentarão a máquina profissional da NFL, em alguns anos, deleitam-nos semanalmente. Um nome, entre tantos, sobressaiu esta jornada. Chama-se Melvin Gordon. É um running back. E perceberão o porquê dele ser destacado, quando lerem o “running back da semana”.

O Jogo da Semana

Mississippi State, 20 @ Alabama, 25

Ponto prévio. Nick Saban e o seu staff técnico são excelentes a desenvolver talento. E a encontrá-lo. Li, recentemente, uma tirada num artigo que procurava escalpelizar, com humor, o que se passa em Tuscaloosa. “No matter how far down the depth chart you go, the Crimson Tide is stocked with more talent than a Victoria’s Secret catalog.” Essa é a realidade. Pese a sangria anual, rumo à NFL, Saban tem sido capaz de dar uma identidade ao programa futebolístico, tornando-o a potência a abater na competição. O mais recente feito foi conseguido no Sábado, ao derrotar o nº1 do ranking, ainda invicto. A vitória sobre Mississipi State colocou um ponto final nas dúvidas que esta equipa de Alabama tinha provocado, com alguns jogos menos conseguidos. Nos momentos mais importantes da temporada, a equipa soube elevar o seu jogo, não enjeitando a responsabilidade. Os resultados estão à vista e Alabama tem os playoffs na mão. É certo que ainda tem um embate crucial, contra Auburn, mas é em casa, perante um adversário que tem claudicado e hipotecado as suas possibilidades, nas duas últimas semanas. O momentum está, claramente, do lado de Crimson Tide.
Foi um jogo que mereceu a ampla expectativa que gerou, rodeado, como habitualmente, duma multidão que ultrapassou as 100 mil pessoas. Mississipi ainda reagiu ao deficit de 19-0, montando um comeback que, no 4º período, chegou aos 19-13. Alabama não tremeu, com uma drive bem engendrada, roubando 6 minutos ao cronómetro e percorrendo 76 jardas, até ao TD que colocou definitivamente a vitória do seu lado. Depois, foi só aplicar a dose de defesa agressiva e sufocante, impedindo Dak Prescott de brilhar, e estava feito. É difícil, num jogo assim, destacar alguém do lado dos vencedores. Num jogo sólido e onde o colectivo superou as individualidades, Blake Sims soube corresponder ao que se espera de um quarterback, conseguindo movimentar o ataque e não se deixando pressionar pela recuperação do opositor. O 3º período foi o momento do jogo menos conseguido, mas Sims ultrapassou isso no decisivo quarto, com uma drive instrumental, repetindo a frieza emocional da semana passada, na difícil vitória contra LSU.

A secundária da equipa terá também merecido rasgados elogios de Saban, após ter mantido Auburn bem longe da end zone, na maioria do tempo. Kudos para Eddie Jackson e Cyrus Jones, dois jogadores jovens, que têm progredido com o decorrer da época, após a decepcionante estreia contra West Virginia. Numa derradeira nota, palmas para quem, na sombra e sem a merecida recompensa mediática, contribui nos detalhes. O punter JK Scott fez um jogo quase perfeito, obrigando Mississipi a começar as suas drives enterrada junto à própria end zone.

Florida State, 30 @ Miami, 26

Perseverança. É a palavra-chave para definir esta equipa dos Seminoles. Uma e outra vez parecem arredados da vitória, uma equipa a anos-luz daquela que, no ano passado, deslumbrou toda a gente. Mas, depois, como se retirada a pressão dos ombros, encetam recuperações inesperadas. Em Miami, contra uma boa equipa dos Hurricanes, Jameis Winston voltou a sair do campo como ele gosta. Como um vencedor. O comeback não calará as vozes críticas. Essas até podem ter alguma razão, ao questionarem a verdadeira qualidade da equipa. Mas isso pouco importará aos Seminoles. Eles são sobreviventes. Têm-no demonstrado, semana a semana. E já lá vão 26, com vitórias consecutivas. O jogo mostrou uma equipa de Miami desinibida e com um plano de jogo surpreendente. Quando se esperava que o grosso dos snaps fosse para o jogo corrido, onde impera Duke Jonhson, os Hurricanes apostaram na qualidade do seu quarterback freshman, Brad Kaaya. E o miúdo tomou de assalto o encontro, levando a equipa a uma vantagem, no 2º período, de 23-7. Parecia uma máquina imparável, explorando os mismatches que a presença do TE Clive Walford provocava na secundária dos ‘Noles. Num conto de duas partes, bastou um lance fortuito para virar o jogo do avesso. Karlos Williams apanhou, com uma monumental dose de sorte, um passe deflectido, no 3º período, capitalizando a oferta para um TD que encurtou distâncias. Foi a centelha que os Seminoles precisavam. Dalvin Cook, uma estrela em ascensão no jogo corrido, fez o resto. Com a defesa a forçar uma última e desesperada intercepção, o jogo foi ganho.

O Quarterback da Semana

JT Barrett, Ohio State. Dele, até à data, conhecia pouco. Apercebi-me do hype, das stats e dos highlights. Era pouco. Precisava de ver um jogo, para que a opinião ganhasse contornos mais indeléveis. Escolhi a partida indicada. Fora de portas, contra a dura equipa de Minnesota, a realizar uma excelente temporada, num jogo fustigado pela neve. Ingredientes necessários para aferir a resiliência de qualquer um, quanto mais de um rookie, lançado às feras após a dramática lesão de Braxton Miller, principal estrela dos Buckeyes. O que é que posso dizer? Barrett parece ser a real thing. Claro, tem arestas para limar. Mas tem personalidade. Equilíbrio no pocket. Não entra em pânico com a pressão adversária. E é uma dual-threat. Ainda antes de usar o braço, correu. O TD inicial do encontro é uma pequena obra-prima, uma corrida solitária de 86 jardas, saindo da própria red zone, até à de Minnesota. Ficou assim, bem cedo, demonstrada uma das suas principais qualidades. Ele é capaz de ferir com os pés. É, no jogo corrido, uma ameaça sempre letal. Correu 17 vezes, para brutais 189 jardas e o TD referido. Mas JT não é unidimensional. Usa o braço, cada vez com mais confiança, tornando-se um quebra-cabeças para as defesas opositoras. 15/25, 200 jardas, 3 TDs e uma INT. Números impressionantes, sobretudo quando se fala de um freshman, ainda com 3 anos pela frente de progressão.

O Wide Receiver da Semana

É repetido, mas pelos melhores motivos. Nelson Agholor, de USC, despertou da sua hibernação, logo quando a equipa mais necessitava dele. No embate contra Cal, universidade que tem subido o patamar de competitividade este ano, foi instrumental na importante vitória dos Trojans. USC, que venceu com dificuldades, aproveitou a escorregadela de Arizona State, podendo agora almejar a vencer o lado sul da conferência PAC 12 e, com isso, ir à final contra Oregon. Agholor tornou-se no primeiro wide receiver da universidade a conseguir 200 jardas, em 2 jogos consecutivos. Vivendo na sombra de Marqise Lee, no ano passado, e de Robert Woods, no ano anterior (ambos na NFL, agora), Agholor aproveitou a ribalta para colocar números impressionantes. Contra Cal foram 16 recepções, 216 jardas e 2 TDs. Está no melhor momento de forma da sua carreira.

O Running Back da Semana

Não. Não vi o jogo de Wisconsin contra Nebraska, por manifesta falta de tempo. E compromissos sociais. Eu sei. É um crime, nesta altura, alguém ter, mesmo que remotamente, vida social. Mas perdi o embate, numa tarde de Sábado repleta de bons motivos para ficar em casa, a ver futebol americano. Um jogo que colocava, frente-a-frente, dois dos mais empolgantes running backs do college, merecia ser visto. Quem viu, abriu a boca de espanto. Quem não viu, como é o meu caso, apenas se pode martirizar, para a eternidade. E ver o jogo, em diferido, num qualquer site de torrents que o disponibilize. O mundo universitário já nos habituou a feitos atléticos notáveis, a proezas competitivas que marcam uma geração. E o que Melvin Gordon, RB de Wisconsin fez, pode bem ser a marca que perdurará, para sempre, na história da FBS. 408 jardas. 408 IMPENSÁVEIS jardas. Num campo coberto de neve. Em apenas 3 períodos. Foi feita história. E de que maneira. Já assisti a running backs correrem mais de 200 jardas. E 300, com o exemplo mais recente a vir de Andre Williams (agora nos Giants), nos seus tempos em Boston College. Mas o número que Gordon colocou, em 25 corridas (uma obscena média de 16,3 por corrida) é algo que perdurará na memória colectiva. Para sempre. Ah, e marcou 4 TDs.  Merece nomeação para o Heisman?

Menção Honrosa da Semana

Quando Todd Gurley foi suspenso, numa das histórias do campeonato, o staff técnico dos Bulldogs não levou as mãos à cabeça, em sinal de desespero. Percebe-se o porquê. Georgia tem, provavelmente, o melhor backfield da competição, repleto de jogadores de qualidade. Na ausência de Gurley e com Keith Marshall lesionado, a responsabilidade do jogo corrido caiu num freshman. Nick Chubb aproveitou a oportunidade e cimentou a sua posição, tornando-se uma referência na equipa. No jogo contra Auburn, crucial para manter Georgia na corrida ao título de conferência, Chubb voltou a deslumbrar, destruindo a equipa de Gus Malzhan no solo. Em apenas 19 corridas, Chubb amealhou 144 jardas e marcou 2 TDs, somando mais 44 jardas em 2 recepções. No dia em que Gurley voltou à equipa (e saiu lesionado, depois de correr 138 jardas), foi Chubb que brilhou. É ele o RB do futuro em Georgia.

O Momento de Redenção da Semana

Recordam-se de Kaelin Clay, receiver de Utah? Não? É aquele que foi, durante a semana, alvo de bullying na internet, depois de ter tido um fumble anedótico num jogo de crucial importância contra Oregon. Utah vencia por 7-0 e Clay apanhou um passe, correndo sem qualquer adversário por perto, para novo score. A comemoração prematura levou o jogador a largar a bola, antes da end zone, erro aproveitado por Oregon para recuperar o esférico e marcar um TD. A jogada, repetida ad nauseum em tudo o que é site desportivo, colocou Clay no lado negativo da piada. Redimiu-se, dentro do possível, ao receber esta semana o passe para touchdown contra Stanford, no prolongamento, dando a vitória à sua equipa. Consta que não largou a bola, mesmo depois do árbitro ter validado o lance [just kidding].

O Ponto de Situação da Semana

Não se percam. Com tudo ao rubro, eis um sumário do que poderá acontecer, na próxima semana, em cada uma das 5 principais conferências do College:

PAC-12

Oregon domina o lado norte, sem qualquer dificuldade, tendo já o passaporte carimbado para a final de conferência. Contra quem? Pois, essa é a pergunta do milhão de dólares. Arizona State parecia ser o contendor, com o lado sul na mão, mas os Beavers perderam esta jornada contra Oregon State. Agora, USC, que venceu Cal, pode ser o vencedor, mas manterá até final um braço-de-ferro com UCLA, com quem jogará na próxima semana. Arizona e Arizona State mantêm ainda alguma esperança de serem bafejados pela sorte e irem à final.

ACC

Florida State está na final da conferência, dominando sem qualquer pejo o lado “Atlantic”. A “Coastal” division, essa, está a ferro e fogo. Duke perdeu por um mísero ponto em casa, hipotecando quase por completo a possibilidade de ir, pela 2ª vez na sua história, à final da conferência. Georgia Tech, que venceu Clemson, tem o pássaro na mão. Mas não será um fácil de segurar. Precisa de vencer o último jogo. E, no college, as últimas semanas são para a rivalry week. Significa o quê? Que os Yellow Jackets vão defrontar Georgia. Fora de portas. Com estes a necessitarem da vitória para poderem, igualmente, almejar a ida à final da SEC. Jogo de figadais inimigos, com tanto em disputa? QUERO VER!

BIG 10

Tudo parece lançado para uma grande final na conferência, envolvendo Ohio State e Wisconsin. A única ameaça a Ohio State, no este, é Michigan State, enquanto no oeste Wisconsin tratou da concorrência, dizimando Nebraska este fim-de-semana. Também aqui, no entanto, tudo permanece em aberto. Wisconsin está bem e recomenda-se, numa série de 5 jogos com mais de 44 pontos marcados, em cada um deles. Mas vai jogar fora de portas, em Minnesota, que ainda sonha em vencer a divisão. E o que separa os Ghopers de transformarem o sonho em realidade nem é muito. Um triunfo sobre Wisconsin e podem celebrar. Jogo grande em perspectiva, com ambiente a condizer, num estádio travestido de neve. Futebol no seu melhor…

SEC

E pronto. Ame-se ou odeie-se, mas Nick Saban levou Alabama ao driver seat no lado oeste da conferência, vencendo Mississipi e colocando-se na dianteira para nova final. A grande incógnita actualmente é saber quem acompanhará Crimson Tide nessa final, no lado este. Georgia ou Missouri? Mizzou passou por um teste exigente, este Sábado, vencendo fora de casa Texas A&M. Se vencer os últimos adversários que lhe sobram – Tennessee e Arkansas – franqueará novamente a porta da final, no que seria um feito tremendo para uma equipa que está na SEC apenas há 3 anos.

BIG 12

A única conferência das designadas power 5 que não está dividida em divisões, com os contendores a jogarem numa espécie de campeonato contínuo. TCU lidera, com Baylor e Kansas State na perseguição, rezando por um percalço dos Horned Frogs.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.