Provar do próprio veneno

João Malha 8 de Setembro de 2017 Análise Jogos NFL, NFL Comments
Kareem Hunt teve estreia de sonho na surpreendente vitória dos Chiefs em New England.

Quem diria que a NFL 2017 iria começar desta forma? Parece que os Patriots provaram do seu próprio veneno… a receita não foi a mesma, pois a reviravolta não foi tão grande, mas os Kansas City Chiefs gelaram o Gillette Stadium com um último quarter ao nível do que os Patriots fizeram no Super Bowl LI.

A primeira parte parecia indiciar mais uma vitória dos campeões em título. Só que no último quarter, um tremendo Alex Smith, ao nível do melhor da sua carreira, dizimou a defesa dos Patriots que permitiram o maior número de jardas e de pontos a um rival num jogo em toda a era Bill Belichick… e já lá vão mais de 15 anos!

O grande protagonista do jogo foi o rookie Kareem Hunt. Produto de Toledo, que nunca tinha feito um fumble na carreira universitária, estreou-se com um logo na primeira jogada ofensiva dos Chiefs na partida. Todos se questionaram se Hunt estaria à altura, mas a resposta veio depois. Foram 246 jardas (148 em corrida e 98 em receção) e 3 TD!! Bateu o record de jardas de um jogador a partir da linha de scrimmage da história da NFL num jogo desde a fusão na década de 70! Uma estreia de sonho para o rookie que deixou todos os adversários avisados para o perigo que representa.

Em termos defensivos, destaque para Justin Houston, de regresso ao seu melhor nível, com dois sacks, quatro hits em Brady e dois tackles com perda de jardas.

A secundária da defesa coordenada por Matt Patrícia deixou muito a desejar, só isso explica a 368 jardas de passe de Smith, com quatro passes para TD e 0 interceções, com um passer rating de 148.6! Números pouco habituais num QB adversário dos campeões, que nunca na era do seu treinador haviam permitido dois passes para TD de mais de 75 jardas num jogo! Já para não falar da deficiente linha defensiva dos Patriots que nunca parou o running game dos Chiefs que atingiu quase 200 jardas.

Em termos ofensivos, parece que Brady vai mesmo sentir a falta de Edelman. Amendola ainda disfarçou mas quando também saiu com uma lesão na cabeça, o ataque nunca mais voltou a ser o mesmo. Muito há a fazer na equipa campeã para estar à altura da defesa do título. Brady sentiu dificuldade em afinar-se com os colegas, grande maioria caras novas, sem domínio perfeito do playbook da equipa, o que valeu um raro jogo sem passes para TD do futuro Hall of Fame.

Para a história o 21-0 final dos Chiefs no último quarter, que certamente deixará os adeptos do Pats com pouca vontade de falar dos 19-0 do último Super Bowl.

 

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João Malha

Profissional da área de comunicação e marketing, e sempre ligado ao desporto, sempre me fascinou o conceito de showbiz dos norte-americanos no que toca à promoção de qualquer espectáculo desportivo. Quando em 2003, a SportTv transmitiu pela primeira vez o Super Bowl, com estrondosa vitória dos Buccaneers de John Gruden sobre os Raiders, a curiosidade cresceu e ano após anos comecei a seguir as transmissões do maior evento desportivo mundial. Mas como em tudo na vida (pelo menos na minha forma de estar), é preciso um motivo mais forte para nos agarrarmos às coisas. Uma paixão que nos alimenta. E foi isso que aconteceu em 2010, aquando da final de Miami, ganha pelos Saints frente aos Colts do lendário Peyton Manning. Nesse dia senti finalmente que aquela era a minha equipa! E o aparecimento da ESPN America ajudou a não mais largar este desporto espectacular, que sigo semanalmente. Na Week 1 da temporada 2012/2013, cumpri o sonho de ir ver um jogo dos Saints ao vivo, ao Mercedes-Benz Superdome. Não vi os Saints vencerem, mas quem sabe se não terei a oportunidade de dizer que assisti ao primeiro jogo na NFL de um dos maiores QB’s da sua história, Robert Griffin III. Ver os Saints ao vivo foi uma experiência única que me faz olhar para o desporto com outros olhos. Quero saber mais e mais sobre o jogo, a sua história, lendas, regras, tácticas, etc. Let’s play ball!!!!