Nickelback: Marshawn Lynch

João Morão 2 de Março de 2016 Jogadores, NFL Comments
Marshawn Lynch

Nickelback: Marshawn Lynch

Advertência Prévia: Neste artigo não escreve apenas o cronista mas também o fã incondicional dos Seattle Seahawks.

Se eu tivesse que fazer um ranking dos melhores Half-Backs que passaram por Seattle a minha lista seria a seguinte:

  • Quinto Lugar para Cris Warren que em oito épocas nos Seahawks conseguiu 6,706 rushing yards e 44 TD.
  • Quarto Lugar para Curt Warner (E não… Não é o Kurt Warner dos Cardinals) com 6,705 rushing yards e 55 TD conseguidos em sete temporadas.
  • Terceiro Lugar para Shaun Alexander que em oito temporadas chegou aos 100 TD e quase passou a barreira das 10,000 jardas com 9,429 rushing yards.
  • Segundo lugar para Mack Strong. Este fullback apenas conseguiu 909 rushing yards e 5 TD mas jogou em Seattle durante 14 (catorze!) temporadas a servir de ariete para muitos tailbacks que lhe devem muitos TD’s que também são dele. Strong sempre foi um favorito dos fãs em Seattle e a prova viva que o Futebol Americano pode ser mais que estatística.

Voltando ao ranking já se percebeu que o meu primeiro e favorito na lista é Marshawn Lynch. Em 5 anos consegui 6,304 rushing yards nas regular seasons com 63 TD. Os números dele são excelentes, mas ele à semelhança de Strong para os adeptos dos Seahawks ele é muito mais que estatística.

Para o comum adepto de Seattle a presença de Lynch na equipa personifica a nossa ascensão à época dourada. Em 5 anos de Lynch a Running Back apenas um ano não fomos aos Play-Offs e mais que qualquer outro jogador Lynch foi quem nos elevou levando muitas vezes a equipa as costas.

Se devemos a Steve Largent a nossa fundação, identidade e existência, devemos a Marshawn Lynch a nossa ascensão e glória.

Lynch para nós sempre foi mais que um excelente running back, mais do que quando estava em Beast Mode ganhava jarda atrás de jarda com metade da equipa adversaria agarrada a si.

(Nota do Autor: Começa a claramente a definir-se um padrão em que Lynch leva sempre a equipa às costas, seja a sua seja a adversária).

Mas independentemente do burro de carga e da entrega em campo, Lynch sempre foi um exemplo moral para todos os outros. Um jogador simples, anti estrela para quem o trabalho duro e a capacidade de superação significava tudo.

Lynch mudou o jogo dos Seahawks para a segurança do running game que fez com que conseguíssemos (com dificuldade) sobreviver a um Hasselback em declínio e a um fraquinho Travaris Jackson e mesmo assim ter resultados. Foi ele que permitiu o investimento na defesa levando o ataque as costa. Para quem não se lembra estes eram os Seahawks até ao milagre da aparição de Wilson.

O Carroll, o Schneider e o Paul Allen sabem bem isso e essa foi uma das razões porque com o seu abandono lhe deram adicionalmente 5 milhões de dólares que por contracto não teria direito. Lynch foi sempre um exemplo de dedicação para todos, o management e ownership ao reconhecerem isso passam também a mensagem que em Seattle quem trabalha bem é devidamente reconhecido e recompensado.

Lynch escondido por trás da imagem de Beats Mode nunca foi nem é um estúpido brutamontes. Sempre soube gerir a sua carreira e arrecadar muito dinheiro para a sua reforma. Não sendo vedeta não vai sentir falta das luzes da ribalta que sempre o incomodaram ao ponto do desconforto de cada entrevista ser uma tortura que pagava com multas ou frases feitas para não as sofrer.

Falta falar o adepto. Vou lembrar-me sempre das jogadas espectaculares que ele conseguiu e que vão estar sempre ligadas as páginas de ouro da NFL. Vou sempre lembrar a vez que não lhe passaram a bola e me privaram do meu segundo Super Bowl consecutivo.

Percebi que em 2015 o invencível corpo do Lynch lhe falhou e arrastou-o para fora de muitos jogos. Não o culpo por ele abandonar e não voltar. Não é por medo ou despeito que o faz. É porque para Lynch não dar o máximo não é suficiente e ele percebeu que o seu topo já foi atingido. Depois de ter visto a grandiosidade de Shaun Alexander arrastar-se em medíocres épocas de declínio, agradeço ao Lynch por não repetir o erro.

Lembro-me da sua frase na envergonhada entrevista a Deion Sanders antes da nossa vitória no Super Bowl XLVIII- “I’m Just ‘Bout That Action, Boss” e sei que se o corpo lhe permitir ele vai voltar (não porque precisa) mas porque gosta da pureza do jogo.

Senão voltar, para mim será eterno. Borges escreveu num dos seus poemas que “a memória não cunha moeda; mas contudo há sempre algo que se queixa; mas contudo há sempre algo que se queda”. Lynch para os Seahawks como no poema de Borges será sempre muito mais que uma memória.

Nickelback – is a cornerback or safety who serves as the fifth (in addition to the typical four) defensive back on the defense

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João Morão

As causas são múltiplas: Primeiro em 1998 colocado pela minha empresa na Alemanha, passei alguns fins-de-semana a jogar flag futebol numa base militar americana maioritariamente com a boa gente de Seattle. Desta altura vem o gosto. Depois em 2005 em Jackson Hole (Wyoming) assisti em directo à transmissão do Super Bowl XL dos meus Seahawks contra os Steelers. Foi um jogo de má memória e de pior arbitragem que me deixou um amargo permitido apenas pela perda de algo de que gostamos muito. Desta altura vem a militância. Finalmente: A desilusão e desgaste causado pelas assimetrias, manobras, golpadas e falta de fair-play do soccer, viraram-me definitivamente para um desporto mais justo, mais sério, mais competitivo, mais brutal (é certo), mas de maior entrega e de incomparavelmente maior emoção: O Futebol Americano. Nas horas “vagas” sou pai de 4 filhos (Um deles é dos Giants vai-se lá saber porquê!?).