Oakland Raiders 2015: First Look

Paulo Pereira 31 de Julho de 2015 Equipas NFL, NFL Comments
Oakland Raiders

Oakland Raiders 2015: First Look

Raiders.

A simples menção do nome da franquia provoca uma complexidade de sentimentos. Mas provoca. É o lema “fala mal ou bem…mas fala” aplicado à realidade da NFL. Os Oakland Raiders, que já viveram tardes e noites de glória, com nomes perpetuados no Hall of Fame, granjearam respeito, admiração e ódio, por parte dos adeptos da bola oval, em doses iguais. Vivendo naquele limbo em que o limite do politicamente correcto foi ultrapassado, esticando a dose de rebeldia, dentro e fora de campo, a limites pouco aceitáveis, a equipa de preto, de John Madden, Al Davis, Ken Stabler, Rich Gannon, Rod Martin, Fred Biletnikoff e tantas outras personagens sumarentas e coloridas, caiu num fosso. Estrepitosamente. De equipa temível e temida a anedota apontada a dedo foi um curto, mas penoso, percurso. Os tempos de glória, afastados da cidade, não arrefeceram o entusiasmo febril, a adoração religiosa, que os fãs carinhosamente dispensam. Numa competição que se auto-regula, mercê dos mecanismos impostos que sustentam o equilíbrio competitivo, os Raiders parecem dar os passos certos rumo à relevância. É um projecto paciente, que procura não queimar etapas, mas tendo que possuir sempre aquele sentido de urgência palpável. Reggie McKenzie, tirocínio feito nos Packers, debateu-se com variados obstáculos na sua aventura como general manager em Oakland, desde contratações dispendiosas de free agents veteranos, a equívocos na constituição das equipas técnicas, passando por um pesadelo a nível de cap space. Agora, debelados os problemas com o salary cap, instaurada a filosofia de crescimento qualitativo via draft, estão criadas as condições para o ressurgimento da franquia. Sem pick de 1º round em 2011 (cortesia de Al Davis e da trade feita para trazer Richard Seymour para a cidade), nem de round 1 e 2 em 2012 (por conta da vinda de Carson Palmer), a equipa soube reerguer-se e procura aquilo que lhe foge desde 2002: o título de divisão. É possível já em 2015?

É prematuro dizê-lo, nesta fase, mas a construção de um roster sólido, com franchise players nas posições importantes, é já uma realidade. Derek Carr parece ser o quarterback desejado. Khalil Mack a peça chave em redor de quem se constrói uma defesa intratável. Do draft deste ano vieram Amari Cooper, considerado o receiver mais pronto/apto a brilhar na NFL, e Clive Walford, um tight end que possui as skills para brilhar na posição. Com Jack Del Rio aos comandos, capaz de, com a sua experiência e veterania, consolidar as qualidades dos rookies, os Raiders serão um adversário bem mais incómodo…mas ainda longe de poderem ameaçar a recente hegemonia dos Broncos, ou lutarem de igual para igual com Chargers e Chiefs. Procurando evitar que a imaturidade e inexperiência dos novatos interferisse no crescimento competitivo, McKenzie usou a liberdade dada pelo salary cap para adicionar uma mão-cheia de veteranos, trazendo-os para posições de destaque. Michael Crabtree chegou, vindo dos odiados vizinhos 49ers, podendo formar, com Amari Cooper, um duo sólido de alvos que permita a Carr, finalmente, ter qualidade no jogo aéreo (para além dos mencionados, não esquecer o underrated Andre Holmes, o speedster Rod Streater e o ex-Pats Kenbrell Thompkins). Tendo ainda em mente Derek Carr, a sua protecção não foi descurada. Rodney Hudson foi o movimento/contratação mais emblemático da free agency, para os homens de preto, trazendo imponência física para a posição de center, ajudando a fortalecer uma OL que conta com um sólido left tackle (Donald Penn) e com dois guards que serão importantes na imposição do jogo corrido (Gabe Jakcson e Khalif Barnes).
O outro lado da bola não foi descurado. Curtis Lofton (linebacker), Dan Williams (defensive tackle) e Nate Allen (safety) ajudarão à criação de uma identidade defensiva.

Melhor Aquisição

Amari Cooper, Wide Receiver. Será a next big thing da NFL? Alguns – muitos – acreditam que sim. Cooper é um receiver que aparece no mundo profissional já polido por Nick Saban, em Alabama, um pass-catcher confiável, que dotará o ataque dos Raiders de algo que, até agora, tem estado órfão: uma ameaça no outside. Na última temporada no college, foram 124 recepções, 1727 jardas e 16 touchdowns. Realisticamente, ninguém está a comparar produções entre dois mundos tão diferenciados, mas se há algo que ressalta da produção de Cooper é que ele é um playmaker, um jogador impactante, de quem poderemos esperar uma produção similar à de Mike Evans ou Odell Beckham. Seria, por si só, um incremento valioso, depois das pífias contribuições de anos anteriores (Andre Holmes foi o receiver mais expressivo em 2014, com meras 693 jardas)

Maior Perda

Tarrell Brown, cornerback. A produção de Brown e do seu parceiro Carlos Rogers nunca foi entusiasmante, mas a saída do duo obrigará a jovem secundária a dar um passo em frente, em termos de produção. Estarão eles preparados? Nos excessos cometidos nos últimos anos, os Raiders começaram a limpar os resíduos. LaMarr Woodley, que se revelou um bust na sua passagem por Oakland, foi posto a andar para outras paragens (Atlanta), deixando o caminho livre para a ascensão do rookie Mario Edwards Jr. Tyvon Branch também nunca viveu para as expectativas geradas, tendo perdido a maioria do tempo de jogo em 2014 devido a lesão, e a chegada de Nate Allen suprirá sem sobressaltos a sua partida. Darren McFadden, uma espécie de injury prone cujo potencial nunca chegou a ser aflorado, rumou para outras paragens (Cowboys), permitindo que o jogo corrido, agora entregue a jogadores low profile, possa definitivamente ser tido em conta (e tenham em atenção Roy Helu, finalmente liberto da sombra de Alfred Morris, em Washington). Mas a perda de Tarrell Brown, provavelmente o melhor elemento da secundária em 2014, poderá não ser ultrapassada de forma tão rotineira. Numa divisão que obrigará a unidade a enfrentar o poder de fogo de Manning e Rivers, a aposta feita em DJ Hayden (escolha de round 1 em 2013) assenta mais em pressupostos de fé do que na lógica. Caberá a ele, mais Travis Carrie e Keith McGill provarem que a opção do clube foi a acertada. Como nota de rodapé, a menção de um facto curioso. Para já, na depth chart, aparece Taiwan Jones, como backup para o lado esquerdo de cornerback. Jones já fazia parte do roster dos Raiders…mas como running back/especialista em retornos.

Contratação Underrated

Roy Helu, running back. Helu, até agora, tem tido um impacto residual na NFL. Pressente-se que o jogador, com potencial, ainda não conseguiu aflorar a totalidade das suas qualidades. O jogo corrido dos Raiders ainda não tem um titular definitivo. A saída de Darren McFadden colocou um ponto final numa experiência nem sempre gratificante, marcada por momentos de enorme frustração. Chegou a hora de virar a página e a franquia de Oakland usou o mercado de free agents para revitalizar a unidade. A chegada de Trent Richardson encerra alguma curiosidade. A antiga escolha nº 3 do draft tem resvalado na mediocridade, incapaz de mostrar na NFL os predicados que o tornaram uma sensação no college. Depois de Cleveland e Indianapolis, será que em Oakland teremos um vislumbre do Trent Richardson a quem prognosticavam uma carreira de Hall of Famer? Mas a verdadeira pérola pescada foi Roy Helu. Tapado por Alfred Morris, nos Redskins, Helu tem tudo para se tornar um elemento consistente no jogo terrestre, onde não se limita ao papel tradicional do running back, funcionando bem fora do backfield. Com enorme habilidade atlética, possui a velocidade requerida para a função e não se intimida com a oposição. Pode ser uma espécie de Darren Sproles, no papel que este tinha nos Saints, ou um CJ Spiller. Para isso terá que vencer a oposição interna de Latavius Murray, uma das revelações de 2014 (vide o fantástico TD marcado aos Chiefs, de 90 jardas), mas parece possível que, num papel mais alargado, Helu faça a diferença. Usado de forma limitada em Washington, foi capaz de colecionar perto de 700 jardas, muitas delas vindas das 42 recepções que obteve, prova evidente da sua polivalência.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.