Rapid Review: Dallas Cowboys @ Washington Redskins

Paulo Pereira 23 de Dezembro de 2013 Análise Jogos NFL, NFL Comments
Cowboys vs Redskins

Rapid Review: Dallas Cowboys @ Washington Redskins

1 2 3 4 F
Dallas Cowboys 7 7 0 10 24
Washington Redskins 3 3 14 3 23

Gosto da NFC East. Já o tinha dito, anteriormente. Reafirmo a intenção, agora. Antes de ser obliterada pelo recente glamour da NFC West, a divisão era quase unanimemente tida como a mais competitiva. E aquela onde as rivalidades são vividas como deve ser. Com antagonismo exacerbado. Com picardias abundantes. Jogos intensos. Duros. Competitivos até à medula. Nos dois últimos anos tudo se decidiu com elevada dose de dramatismo. No final da temporada regular, com o título de campeão ali, à mão de semear. Para além disso, existe outro denominador comum. Os Cowboys chegaram à week 17 com possibilidades de vencerem. E irem aos playoffs. Ambas as vezes a franquia de Jerry Jones foi despedaçada nos seus intentos. Quase como se fosse o karma da equipa, eis que a sensação de déja-vu volta a assolar os espíritos. A franquia de Dallas, popularizada como o America’s Team, soçobrou com a meta à vista, perdendo de forma excruciante frente aos Packers, na semana anterior. Vexados por uma chuva de críticas, os jogadores sabiam que a curta visita a Washington encerrava bem mais do que a luta pelo triunfo. Era a derradeira oportunidade de se manterem colados aos Eagles. Era, igualmente, a final hipótese de redenção. Dramático? Pois, esse parece ser o nome do meio dos Dallas Cowboys.

O jogo na capital americana valeu pela incerteza. Pela combatividade. Pelo comeback. E pela sensação que, no desporto, qualquer que seja a modalidade, tudo é possível. Num dia, um jogador pode ser o vilão. No dia seguinte, surgir como uma Fénix renascida, levando a equipa à glória.

Os Redskins, imersos na sua própria crise, sem conhecerem o doce sabor da vitória há 6 semanas, estreavam Kirk Cousins frente ao seu próprio público. O jogo teve tempero, com as defesas a, inicialmente, sobreporem-se ao ataque. Os Cowboys inauguraram as hostilidades, aproveitando um retorno longo de Michael Spurlock, finalizado depois por DeMarco Murray. Tudo parecia encaminhado para uma vitória forasteira. A defesa dos Redskins, excepção a Brian Orakpo, era incapaz de perturbar Romo e Cª. O 14-6 ao intervalo, favorável à franquia de Dallas, acentuava a ideia de desigualdade, com os Redskins incapazes de aproveitarem as oportunidades na red zone adversária. O início da 2ª metade, no entanto, transfigurou os dogmas anteriores. Os Cowboys tornaram-se presas dos seus próprios demónios interiores, voltando aos pecadilhos que regularmente os atormentam. Dois turnovers consecutivos, incluindo uma intercepção de Romo (excelente leitura defensiva de DeAngelo Hall) foram suficientes para alterar o status quo vigente. Os Redskins passaram para a frente do marcador, conseguindo amealhar uma vantagem de 9 pontos. Tudo parecia decidido. Até à frenética e desesperada recuperação dos Cowboys. E é por jogos destes que todos nós nos apaixonamos pela NFL.

O melhor dos Redskins: Mesmo numa época cinzenta, repleta de dificuldades, existem pequenos sinais de esperança num futuro melhor. Pierre Garçon é um deles.

Pierre Garçon

Pierre Garçon, a mais letal arma dos Redskins
Foto de AP Photo/Evan Vucci

Wide receiver irrequieto, que faz da velocidade a sua principal arma, foi um pesadelo para a defesa adversária, que nunca encontrou forma de o parar no centro do campo. 11 recepções, 144 jardas e um TD dão bem ideia da exibição transcendente do jogador, que se tornou no líder histórico dos Redskins, ao ultrapassar o recorde de Art Monk de maior número de recepções numa temporada. DeAngelo Hall sobressaiu na defesa, mesmo tendo a árdua tarefa de ser a sombra de Dez Bryant. Vencendo e perdendo duelos, numa espécie de empate técnico com o receiver, Hall ajudou a manter a liderança, em grande parte do jogo, tendo sido a sua intercepção que despoletou a reviravolta no início do 2º tempo.

O melhor dos Cowboys: DeMarco Murray, running back que se tem tornado um precioso auxiliar para o ataque não depender, em exclusivo, do jogo de passe. O atleta atingiu as 1.000 jardas no campeonato (após uma corrida de 43 jardas, no 2º período). Murray terminou com 22 corridas, 96 jardas no solo e um touchdown, completando os números com o touchdown final, recebendo a bola de Romo, num passe perfeito. É a primeira temporada acima das 1.000 jardas nos Cowboys, desde 2006 (Julius Jones, com 1.084 jardas). Terrance Williams tem sido uma agradável revelação na liga. O rookie wide receiver aproveitou, ao longo da época, a ausência de Miles Austin, para vincar o seu contributo no jogo aéreo e foi instrumental na drive final, com duas recepções para um ganho total de 66 jardas, incluindo uma catch de 51 jardas. E, claro, o MVP da partida.

Tony Romo

Tony Romo, lançando para a glória
Foto de AP Photo/Evan Vucci

Tony Romo tem uma longa lista de haters, que diabolizam as falhas do quarterback, dando-lhes uma repercussão enorme. Romo é um dos meus quarterbacks predilectos. Tem presença no pocket, agilidade para se furtar às investidas dos pass rushers e um braço forte, capaz de fazer a maioria dos lançamentos. É falível. Facto. E é fortemente penalizado por essas falhas, que acontecem invariavelmente em situações de tensão, quando o jogo está no período de decisão. Mas Romo, vindo de um desses jogos, mostrou enorme resiliência mental. Com culpas no cartório no distanciamento dos Redskins (a intercepção foi um momento patético, resultante de uma má leitura), manteve a frieza e elevou o seu jogo, quando tudo parecia perdido. Romo, mesmo lesionado, após sofrer um toque na perna num scramble, comandou duas drives que valeram 10 pontos, anulando os 9 de deficit. Fê-lo com visível sofrimento, apostando nas corridas de Murray, intercaladas por alguns lançamentos perfeitos. E, quando a temporada toda se resumiu aquele momento, Romo foi infalível. 4 down. Uma mísera jogada que decidiria quase tudo. Encostados à parede, os Cowboys tiveram um estortor de revolta. Passe seguro de Romo, capitalizado por DeMarco Murray para um touchdown que mantém a chama do apuramento acesa.

Agora, pela 3ª vez nos últimos 3 anos, os Cowboys decidirão o seu futuro na última jornada. Vencendo em Dallas os Eagles, as portas dos playoffs ficarão abertas, para um mundo repleto de sonhos. Uma derrota e nada será como dantes, com Jerry Jones a fazer estalar o chicote.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.