Preseason Game – Week 3: Bears @ Seahawks

Paulo Pereira 26 de Agosto de 2014 Análise Jogos NFL, NFL Comments
Bears Seahawks

Preseason Game – Week 3: Bears @ Seahawks

É preseason. Jogo 3. O que tem de diferente do jogo 2 ou 1? Tudo. Não estando convencionado nem sendo uma regra básica, a maior parte das franquias elege o jogo 3 como o do derradeiro teste, antes do início da regular season. Um jogo que emula, em muito, a vivência de um jogo a “doer”. Competitivo, com a grande parte dos jogadores que serão titulares a terem demorado tempo de jogo, para os padrões da preseason. É aqui que, geralmente, temos um cheirinho do que será a regular season. O que se pode dizer, em traços genéricos, da recepção dos Seahawks aos Bears? Apenas que a equipa de Seattle começa esta nova época da mesma forma que terminou a anterior. A passar os adversários a ferro, num futebol musculado, feito de velocidade, ritmo e big plays. Naquele que se antevia um teste exigente para os campeões em título, os pupilos de Pete Carroll passaram com distinção, mantendo bem vivas as características que os colocaram no topo da NFL. À cabeça, liderando a armada, Russell Wilson em nova prova de crescimento e maturidade, assumindo-se como líder do ataque, numa demonstração de classe e skills invejáveis. Wilson pede meças, neste momento, a Aaron Rodgers como o quarterback mais cool de se ver jogar, na competição. Futebol felino, feito de movimentos suaves, alternando sabiamente a corrida com passes precisos, movendo o ataque com harmonia. Classe pura!

Chicago Bears

1 – Não foi bonito o que se viu, com os titulares em campo. O ataque ainda conseguiu mover a bola, a espaços, mas a defesa titular foi péssima, parecendo um passador e cedendo 31 pontos…até ao intervalo. Os Bears foram sempre inferiores – e por muita distância – nas 3 fases do jogo defensivo: o return game, o cover game e a run defense. No primeiro item começou a derrocada. O kickoff inicial viu um Percy Harvin a galgar terreno, perante a apatia generalizada, e a atropelar Ryan Mundy. Foi apenas o início. Depois disso, mesmo com outro retornador (Earl Thomas), os Bears nunca encontraram o antídoto para estancar a progressão do adversário. No cover game, mais do mesmo. Wilson geriu o jogo a seu bel prazer, mesmo apoquentado pela DL, que conseguiu colocar pressão. Mas a mobilidade do QB dos Seahawks fez toda a diferença, ora correndo para pequenos ganhos, ora conseguindo posição para ferir a secundária. Os seus dois passes para TD são apenas a ponta visível do seu jogo, de progressão sistemática. Na run defense, não havendo grandes ganhos do adversário a relatar, os Bears cederam mesmo assim 118 jardas no solo. Wilson encontrou sempre forma de esticar as drives, usando letalmente a corrida. Marshawn Lynch, na sua primeira aparição na preseason, terminou com uma média superior a 5 jardas por corrida. E Christine Michael teve alguns ganhos preciosos, expondo o corpo de linebackers à sua mediania.

2 – É preseason, mas a mesma deveria servir para erradicar erros regulares. Como os que ferem a própria equipa, em lances que poderiam ter outro desfecho. Duas das drives dos Seahawks que culminaram em TDs mantiveram-se vivas graças a disparates da defesa. Primeiro, foi Jeremiah Ratliff que, com um encroachment penalty, deu um 1st down ao adversário. Noutra drive, Lance Briggs generosamente doou 15 jardas e o consequente novo down, com um late hit em Wilson. Este, profundamente comovido com a dádiva, culminou a jogada num touchdown.

3 – Não sei se terá sido a pior unidade em campo, mas o corpo de linebackers vai estar no centro das atenções nos próximos treinos. A exibição conjunta foi lúgubre, com Lance Briggs, Shea McLellin e Jon Bostic a nunca conseguirem produzir nada de significativo. Não sendo só responsabilidade sua, os números finais são indicativos do que a defesa NÃO fez: até ao intervalo, os Seahawks conseguiram 17 primeiros downs, tendo conseguido converter TODOS os 7 terceiros downs que tiveram. Revelador, certo?

4 – Um dos únicos momentos brilhantes no jogo foi protagonizado por Chris Conte, que regressou de lesão. Na end zone, de forma destemida, Conte acertou um late hit em Luke Wilson, que tinha acabado de receber a bola lançada por Wilson. A intervenção crucial de Conte salvou um TD que parecia certo. Não valeu de muito. Uma jogada depois, Russell Wilson acabou por encontrar outro alvo e marcar mais 6 pontos.

Seattle Seahawks

1 – É uma das vezes em que os números falam por si. Russell Wilson: 15/20 no passe, com 202 jardas e 2 passes para TD. 4 corridas, para 23 jardas e mais um TD. Mais impressionante do que as estatísticas, é ver a forma como o ataque é gerido. Wilson é um mestre de marionetas, mexendo os fios correspondentes a cada uma de forma sábia. Se a DL importuna o pocket, ele foge, sempre naquele estilo de pura classe, mantendo os olhos nos alvos potenciais. Os seus scrambles são cirúrgicos, evitando os hits desnecessários por parte dos defesas. Se, ao invés, o pocket lhe concede tempo, ele fere com o passe. E tem uma vasta gama de receivers para atormentar as secundárias contrárias. Doug Baldwin foi usado, tal como Jermaine Kearse, que este ano aparenta ter direito a mais snaps. O ex-jogador da universidade de Washington, usado como deep threat predilecta no ano passado, tem velocidade tremenda e voltou a fazer uso dela. 4 recepções, 63 jardas e 1 TD, mostrando que a saída de Golden Tate na free agency não provocou qualquer mossa na estrutura da unidade.

2 – Será um regalo vê-lo, este ano, se as lesões não o importunarem. Falo de Percy Harvin, que apenas foi usado no ano passado de forma limitada, mas cujo potencial apenas foi aflorado nesta preseason. O dinamismo do ex-Viking cria sempre enormes embaraços na defesa, pois ele tanto é usado no slot como no outsider. Harvin conseguiu mais 4 recepções e 61 jardas e tem tudo para ser a grande figura do ataque. Explosivo!

3 – O jogo corrido recebeu de braços aberto Marshawn Lynch, que fez a sua aparição na preseason. Possante, como sempre, foi usado com cerimónia (apenas 3 corridas), mas suficientes para mostrar que continua em forma. 16 jardas e 1 TD. No entanto, Lynch não deverá ter os mesmos snaps do ano passado. É a altura dos Seahawks começarem a pensar num futuro – próximo – sem ele. Robert Turbin tem talento e pode preencher bem o papel de RB2, evitando o desgaste excessivo de Lynch. Mas existe outro nome, bem empolgante, sobretudo para quem o viu jogar em Texas A&M. Christine Michael tem todas as características para vencer na NFL. A ser introduzido, aos poucos, no ataque, não se tem mostrado tímido. Pelo contrário, revela que pode ser um back para todos os downs, adicionando ainda uma característica importante nos dias de hoje: é bom fora do backfield, onde a sua velocidade o tornam num receiver letal. Se na corrida teve 28 jardas, foi na recepção que mais brilhou, com 3 para 36 jardas e um touchdown.

4 – A confiança que a franquia mostrou na offseason, recompensando os bons serviços de Steven Hauschka com novo contrato, tem sido retribuída. O kicker continua a ser fiável e preciso, mesmo tendo ontem falhado um field goal de 53 jardas. Um dos momentos altos do jogo foi o pontapé de 59 jardas, à beira do intervalo, convertido com sucesso.

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.