E agora Arizona Cardinals?
O final da regular season representou o término da temporada para 20 equipas, que falharam o acesso aos playoffs. O fim aqui é usado apenas de forma lata. Ele representa esse encerramento da época para os fãs porque, para toda a entourage que envolve o staff técnico e chefias intermédias ligadas à gestão do roster, o foco permanece ligado. É a altura de preparar 2015, escrutinando os potenciais free agents, escalpelizando o cap space e estudando o draft. O wildcard weekend colocou um ponto final nas pretensões de mais quatro equipas que, agora, terão que fazer a dolorosa transição entre contendores, sonhando com um feito único, a equipas sem objectivos nos próximos meses. É a altura mais frustrante da temporada, em que começa tudo de novo, como se tivessem carregado acidentalmente no botão de reset.
Grande Questão: O que fazer com Larry Fitzgerald?
Grande Questão: O Que Fazer com Larry Fitzgerald
Uma das figuras da equipa, um nome mítico na franquia, pode bem ser uma baixa casuística, quando se iniciar oficialmente a época de 2015. O wide receiver tem um cap hit de 23,6 milhões, o que é quase incomportável. Se o salary cap for, em 2015, de 138 milhões, o pagamento do jogador corresponde a 17% do total. Não estando em causa a qualidade, sobejamente conhecida, é previsível que, não existindo dinheiro garantido antes do início da época de 2015, que os Cardinals procurem uma reestruturação do salário do jogador. Neste caso específico, o que pode ser considerado justo, face ao referido valor do jogador e à sua idade? Replicando contratos anteriores, é provável que os Cards tentem uma espécie de “desconto caseiro”, apelando ao sentimento e procurando números que não ultrapassem os 10 milhões/época. E Fitzgerald, aceitará esta redução, de 50% no que estava previsto auferir? É especulativo, nesta altura, avançar com uma pretensa motivação de Fitzgerald, mas a outra possibilidade que resta ao receiver é atingir a a free agency, caso seja cortado pela equipa. Existe essa hipótese?
Estes são os pontos fulcrais no affair Fitzgerald:
- O jogador receberá um bónus de 8 milhões, se estiver no roster ao 5º dia útil do início da nova época;
- Existe engenharia financeira para suportar quase tudo no salary cap…mas não há milagres. Os Cardinals podem converter esse bónus de roster no chamado bónus de assinatura, que permite dispersar o pagamentos dos 8 milhões pelos 4 anos que restam do contrato. Esse movimento permitiria baixar o cap hit do salário de Fitzgerald para 17,6 milhões. Mas, mesmo assim, é incomportável;
- A reestruturação de contrato parece ser imperativa. Para além dos 8 milhões, só em salário (fora o bónus) que o receiver fará em 2015, o peso aumenta significativamente nos anos seguintes, escalando para 14,8 milhões nos derradeiros 3 anos.
- A solução mais radical mas, mesmo assim, usada habitualmente de forma racional por diversas franquias, é dispensar o jogador, antes de lhe pagar o bónus de roster. Isso, no entanto, não aliviará muito o cap. Podem não lhe pagar os 8 milhões do bónus, mas terão que suportar o chamado dead money, proveniente de pagamentos faseados de bónus nos anos anteriores. E esse valor, a que não podem fugir, é de 14,4 milhões, reflectido no cap de 2015.
- As possibilidades ainda não se esgotaram. Existe outra. A libertação/dispensa do jogador, após 1 de Junho. Grosso modo, é mais do mesmo. Nesta fase já teriam pago o bónus de permanência no roster. Evitariam pagar o salário anual, mas ficariam sempre com o dead money a assombrar o cap. 7,4 milhões.
Resumindo. Por muitas voltas que os Cardinals dêem, a única opção viável é conversar com o jogador e convencê-lo a reestruturar o contrato, tentando com isso poupar algum cap em 2015 e, ao mesmo tempo, manter uma pedra fundamental. Mas será Larry Fitzgerald ainda tão importante no aerial attack de Bruce Arians? 85 recepções, 1288 jardas e 5 touchdowns. É essa a produção dele, em 2014. Não sendo nada de abrir a boca de espanto, ainda é assinalável e reveladora da influência do receiver que, segundo as estatísticas, consegue apanhar 78% das bolas que são lançadas na sua direcção.
Posição de Interesse: Running Back
Os Cardinals soçobraram, em 2014,não ao poderio dos adversários, mas essencialmente por falta de profundidade no roster, abalado de fio a pavio com lesões, muitas atingindo jogadores nucleares. Enfrentar um jogo de playoffs sem o quarterback e running back titular, para além de outras faltas cruciais, levaria a maioria das equipas da prova a uma derrota certa. O cenário que os Cardinals enfrentam em 2015 podem levá-los, de alguma forma, a alterar o status quo reinante. Carson Palmer recupera ainda do seu 2º torn ACL. O veterano QB, que tão bem se encaixou no jogo ousado de Arians, terá uma longa reabilitação pela frente. Com Andre Ellington a regressar também de lesão, os Cardinals podem sentir a necessidade de reforçar o jogo corrido (Ellington, mesmo elusivo e funcionando bem fora do backfield, terminou 2014 com uma média de apenas 3,3 jardas por corrida) com um outro running back, que dividiria as tarefas no solo com Ellington, aproveitando igualmente o reforço dos últimos anos na OL, agora mais sólida como run blockers. Não é costume, como se verifica nos últimos drafts, desperdiçar picks elevadas (round 1) em backs universitários. Nem hipotecar doses maciças de dinheiro na free agency, na procura duma solução para o jogo terrestre. Mas a variedade de jogadores que poderá estar disponível na abertura do mercado de jogadores livres é suficientemente apelativa. Adrian Peterson (ainda não se sabe o que os Vikings farão com a sua estrela caída em desgraça), Marshawn Lynch (será free agent, se os Seahawks não avançarem com uma proposta até lá, não sendo crível que a equipa use a franchise tag no jogador), DeMarco Murray (uma das dores de cabeça dos Cowboys, a par de Dez Bryant, dado que ambos terminam os vínculos contratuais no final da presente época), Frank Gore, Darren McFadden, Justin Forsett, Shane Vereen, Knowshon Moreno e Ryan Matthews. É uma lista com nomes excelentes, que conseguiriam encaixar-se na perfeição no roster e dotar o ataque de uma amplitude no solo que este ano esteve ausente. Se os primeiros 3 nomes parecem meramente especulativos, pelos elevados salários que aufeririam, poderá muito bem ver-se um jogador como Justin Forsett ou Ryan Matthews a aterrarem no deserto, daqui a uns meses.
#artigo inspirado no original (picking up the wild card pieces) de Bill Barnwell para o site Grantland