Derrotados da Free Agency
Não sendo uma pergunta que se impõe, dada a subjectividade do tema, mas que tal eleger os derrotados da free agency? Numa análise meramente teórica, sem qualquer sustentação prática, dada a ausência de competição, existiram movimentos agressivos no mercado de jogadores livres que, em princípio, acrescentarão mais-valias a quem os realizou. No inverso, algumas das franquias, acossadas por salários gigantescos e um cap space que não dá tréguas, tiveram que realizar purgas internas, dispensando nomes sonantes. Outras, estranhamente, assistiram de forma impávida ao delapidar do roster, sem movimentos correctivos efectuados. Em alguns casos, o sucesso de uma temporada despertou a cobiça pelos próprios jogadores. Falo de quem? Para já, iniciando esta série, dos Dallas Cowboys.
Dallas Cowboys
Comecemos a analisar a franquia bipolar liderada por Jerry Jones. O dono de uma das mais populares equipas desportivas mundiais não consegue fazer a separação de águas, intransigente em ceder o comando do management desportivo a alguém mais indicado. Os Dallas Cowboys, regulares na mediania, têm defraudado as expectativas da sua imensa legião de adeptos, ano após ano. Com Jason Garrett aos comandos, a equipa ganhou competitividade na sempre complexa relação de poderes na NFC East, mas claudica nos momentos cirúrgicos. Afastada dos playoffs nas três últimas épocas, sempre com frustrantes derrotas na última semana da competição, a equipa entrou na offseason com uma preocupação primária: reforçar a linha defensiva.
O que aconteceu? O que geralmente acontece na vida duma franquia, de forma cíclica. Os fantasmas de contratos passados apareceram, para assombrar. DeMarcus Ware tornou-se a primeira vítima colateral da necessária reestruturação financeira dos Cowboys. Vindo de um ano decepcionante, Ware rapidamente encontrou porto de abrigo em Denver. Os Cowboys, no entanto, tiveram outra desagradável surpresa, quando Dan Snyder, o magnata dos bolsos sem fundo que gere os Redskins, lhes resgatou Jason Hatcher. Duma penada, o sector mais débil de Dallas ficou anémico, perdendo duas peças basilares, que conseguiram metade dos sacks da equipa no ano passado. Numa equipa que cedeu um obsceno número de jardas (6.645) na última época, perder jogadores emblemáticos e com talento não é um sinal positivo. O sector defensivo, em particular a DL, está mergulhado no caos em que ficou, após a passagem de Monte Kiffin pelo clube. A mudança para o sistema 4-3, baseada no obsoleto Tampa 2 (que confia num pass rush agressivo), ainda está vigente. Mesmo sem gente para preencher os requisitos necessários. Actualmente, este é o estado da Linha Defensiva dos Cowboys:
Henry Melton
A única contratação sonante na free agency, que vem duma lesão grave (torn ACL). O contrato, de apenas um ano, reflecte o grau de dúvida que a equipa tem na recuperação física do jogador. Melton é um excelente aditivo na defesa contra a corrida, com um 2012 soberbo nos Bears, tendo atingido o Pro Bowl. É disruptivo como defensive tackle, encaixando-se no perfil de um DT típico para o Tampa 2.
Georgie Selvie
Tornou-se, num ápice e após a saída de Ware, no top pass rusher da equipa. Jogou os 16 jogos do ano passado, conseguindo 7 sacks, tendo finalmente mostrado alguma qualidade, após passagens medíocres por Jaguars, Rams e Panthers. Confiar-lhe, no entanto, o grosso do pass rush parece um exercício de desespero. Selvie pode funcionar, numa óptica de rotação, mas nunca como o líder da unidade.
Nick Hayden
Sobressaiu mais pelas lesões que devastaram o sector, do que propriamente por ter atingido um nível brilhante. As stats não são famosas, apesar de ter jogado em todos os jogos da regular season. 25 tackles, um fumble recuperado para TD e…zero sacks. Em sua defesa o facto de ter sido usado mais como absorvente de double teams, na luta das trincheiras, o que penaliza o resto da produção. Mas é apenas mais um exemplo de um jogador que devia ser usado como mero coadjuvante e não como protagonista.
Jeremy Mincey – Foi a resposta encontrada à saída de DeMarcus Ware. O defensive end teve um ano proveitoso, em 2011, nos Jaguars, onde conseguiu 8 sacks. Isso desencadeou o resto: um contrato dos grandes (27 milhões) e um papel de protagonista, jogando todos os downs, para o qual o jogador não era talhado. O resultado não foi bonito. Dispensado em 2013, foi apanhado pelos Broncos, no ano passado, quando estavam devastados por lesões. Mincey não se fez notar, aparecendo apenas num único jogo. A recompensa foi dada agora: 2 anos de contrato. DOIS ANOS. Por um jogador meramente serviçal.
Terrell McClain
Um DT que passou pelos Panthers e Texans (onde esteve no ano passado), sem grande coisa para mostrar no currículo e que, num roster ideal, seria apenas usado como backup. Nos Cowboys arrisca-se a ser titular, se a recuperação da lesão de Henry Melton não tiver o progresso esperado.
Conclusão
O panorama, como se constata, não é bonito. Georgie Selvie é actualmente a única preocupação dos adversários e o único a trazer, teoricamente, alguma agressividade pelo outside. Estarão estes Cowboys em posição de disputar, de igual para igual, a hegemonia na NFC East com os rivais de sempre? Nesta altura, não. Não estão. Estão longe da bem montada máquina de ataque que Chip Kelly gere em Philadelphia. Assistem aos Giants, inimigos figadais, a conseguirem sucesso na free agency, conseguindo tapar algumas carências. E vêem os Redskins roubar-lhes o melhor jogador defensivo no ano passado. Um bom draft poderá, de alguma forma, ajudar a encurtar a distância a que a franquia de Dallas está dos seus oponentes, em termos defensivos.