Necessidades das Equipas: New England Patriots

Paulo Pereira 11 de Fevereiro de 2013 Equipas NFL Comments

Necessidades das Equipas: New England Patriots

Acabou a temporada? Não haverá jogos nos próximos 7 meses? É um facto. O longo e penoso deserto que qualquer fã da NFL tem que atravessar, no pós-Super Bowl, pode no entanto ser mitigado. Como? É esta a altura ideal do ano para começar a analisar prospects, que irão estar presentes no draft, e para dar livre curso à especulação, imaginando que free agents mudarão de camisolas. Não existem equipas perfeitas na NFL. O trabalho de construção dum roster é sempre uma tarefa hercúlea, meticulosa e, não raras vezes, pouco isenta de erros. A janela de oportunidade, quando se sente e vê que uma franquia está competitiva, é relativamente pequena, na maioria dos casos, com as equipas quase todas a terem picos de ambição. Existem, claro, pequenos casos, contados pelos dedos de uma mão, em que as franquias se tornaram verdadeiras dinastias, aparecendo todos os anos na ribalta, putativos candidatos a vencerem a divisão, conferência e o Super Bowl. Existirá melhor exemplo do ilustrado do que os New England Patriots, transformados em eternos contendores após a chegada de Bill Bellichick? Não me parece…

Em 2012 tivemos mais do mesmo. Uma forte campanha regular, com novo título de divisão e a conquista da seed nº 2, levando a equipa a uma semana de bye nos playoffs. A temporada terminou, no entanto, envolta em frustração, após a derrota caseira na final da conferência, perante os Ravens. E, novamente no turbilhão de críticas, esteve a secundária, o eterno calcanhar de Aquiles da franquia. O que se pode esperar dos Patriots, em 2013? Que reais necessidades a equipa tem que colmatar, para chegar ao título? As boas notícias são que o núcleo do roster é jovem e repleto de talento, carecendo de alguns ajustes apenas para evitar erros passados. As áreas que merecerão intervenção dos responsáveis dos Patriots são:

Defensive Back

A secundária teve um incremento, a meio da temporada, com a chegada do veterano talentoso Aqib Talib. Alfonzo Dennard, rookie, ficou com a outra vaga de cornerback, com Kyle Arrington (medíocre) a jogar essencialmente no slot. Devin McCourty foi uma revelação, na sua passagem para safety, onde deu uma dinâmica excelente naquela zona do terreno. No entanto, existe falta de profundidade no roster, com a posição de strong safety a ter carência de qualidade. Os Patriots já usaram, no passado, picks altas para a posição, mas Brandon Meriweather foi cortado antes do início da época de 2011 e Patrick Chung foi sendo arredado da titularidade, mal tendo jogado nos playoffs este ano. Steve Gregory deu a sensação que poderia ser “o tal” jogador, mas a sua produção foi algo inconstante, nos jogos de maior grau de dificuldade.

Aqib Talib espera um contrato, mas existem algumas dúvidas que os Patriots acedam a um compromisso de média/longa duração, pela preocupação com a work ethic do jogador. Se o acordo não existir, e dada a situação de free agent, Aqib Talib procurará outras paragens, aumentando a necessidade de reforços vitais. Tudo agora é mera especulação, não se sabendo se a equipa apostará no draft ou, ao invés, tenta a sorte no mercado de free agents. Aí existe um nome bem apetecível. William Moore, jogados dos Falcons, revelou apetência para as big plays, sendo um safety punitivo, realizando duros hits e sendo fiável na cobertura. A sua aquisição, no entanto, obrigará a um esforço financeiro, numa offseason onde os Patriots terão que abrir os cordões à bolsa.

Defensive Tackle

Não parece uma necessidade premente na equipa, mas se existe uma posição onde a profundidade é requerida, é esta. O esforço físico, aliado à enorme envergadura dos defensive/nose tackles, obriga a uma rotatividade maior do que noutros sectores. Vince Wilfork é o único que contribui, de forma significativa, com todas as outras opções recentes a falharem. No início de 2011 a equipa procurou capitalizar a qualidade de Albert Haynesworth, mas o esforço foi inútil, com o atleta a ser rapidamente cortado. Este ano a tentativa foi com Jonathan Fanene, que não sobreviveu aos cortes no pós training camp. A antiga escolha de 2º round, Ron Brace, foi igualmente dispensado. Com a idade a passar, em Wilfork, os Patriots sabem que têm que optar por um substituto, a médio prazo. Num corpo de defensive tackles que parece ter qualidade e opções, no draft, a escolha poderá recair num desses jovens. O que se pede é um complemento a Wilfork, sobretudo nos downs de passe, mas alguém também capaz de ser disruptivo pelo centro, acrescentando valor ao pass rush. Pese as sub-packages habituais nos complexos esquemas tácticos de Bill Bellichick, o sistema 3-4 requer um jogador diferente. Um atleta mais pesado fisicamente, mas com agilidade e capacidade para, se necessário, jogar numa das pontas como defensive end. No mercado, uma das opções que parece assentar que nem uma luva, é o Raider Desmond Bryant.

Wide Receiver

Um quebra-cabeças de resolução difícil. Dos quatro receivers que viram, em 2012, significativo tempo de jogo, apenas Brandon Lloyd tem contrato. Wes Welker, Julian Edelman e Deion Branch vão ter os vínculos laborais expirados. O que fazer? Dos 3 nomes, Edelman é o mais novo, ainda não tendo atingido os 30 anos. É provável que, face a isso, os Patriots invistam alguma pick no draft, rejuvenescendo a posição. Como a equipa usa muito os dois tight ends, e estando estável na posição de running back, com as opções do jogo corrido a revelarem qualidade fora do backfield, não é crível que os Patriots tenham mais de 4/5 receivers no roster final. Matthew Slater tem utilização quase exclusiva no special team, havendo por isso a necessidade da equipa renovar com pelo menos dois dos WR que verão os contratos terminados. Wes Welker e Julian Edelman parecem ser as opções mais correctas, face à produtividade de 2012. Ambos de pequena estatura, punidos por secundárias mais físicas, abrem uma necessidade premente: a aquisição de um WR de estatura elevada, forte fisicamente, capaz de suportar os castigos infligidos pelos defesas. O jogador a juntar a Wes Welker, Julian Edelman (se as renovações forem bem sucedidas) e Brandon Lloyd tem que ser uma cópia de Anquan Boldin ou Brandon Marshall. E esse terá, quase de certeza, que vir do draft. O mercado de free agents tem alguns nomes sonantes (Mike Wallace e Greg Jennings) mas os valores praticados para a posição são proibitivos para a equipa de Boston

No final de Abril, no período pós-draft e já com o mercado de jogadores livres em ebulição, teremos uma ideia melhor sobre o que esperar destes Patriots, em 2013.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.