New York Jets: Rapid Review
Que temporada, a raiar o pesadelo. Esperava-se bem mais dos Jets mas, por circunstâncias diversas, a equipa claudicou e ficou matematicamente eliminada antes do Thanksgiving, tornando os jogos seguintes ainda mais sofríveis e com Rex Ryan a ser um técnico virtualmente “morto”. Terminar a época com um deprimente recorde de 4-12 foi apenas o resultado dos problemas que se avolumaram na offseason. Quiçá enganado pelo anterior 8-8, o general manager John Idzik resguardou-se fortemente na free agency, poupando o salary cap e deixando a equipa com demasiados “buracos” por resolver. A aposta, que deixou perto de 30 milhões por gastar, centrou-se unicamente no draft, com a ideia subjacente que faltava apenas uma boa colheita vinda do college para tornar a equipa automaticamente num contendor. Correu mal, com o draft de 2014 a ser um verdadeiro fracasso. Dentro de campo as coisas só pioraram. Geno Smith foi incapaz de elevar o seu jogo, transformado num mistake-prone, terrivelmente inconsistente, acabando por perder o lugar para um Michael Vick longe dos tempos áureos. A defesa, que não recebeu os reforços pretendidos por Ryan, foi medíocre na secundária, sobretudo nos cornerbacks. O staff técnico foi incapaz de criar uma identidade, vivendo preso de indecisões, com a equipa a ressentir-se. O output foi o esperado, com Rex Ryan e John Idzik a serem despedidos. E a não deixarem saudades. O calendário também não ajudou. O início da temporada presenteou a equipa com jogos contra Aaron Rodgers, Tom Brady, Peyton Manning e Philip Rivers, que desnudaram até ao limite do ridículo os erros na construção do roster.
Ataque
Foi o 3º ano consecutivo com o ataque a produzir menos de 300 pontos. Em 16 jogos. Numa era em que o passe se tornou rei e senhor da liga, os Jets pareceram sempre uma equipa ultrapassada, obsoleta, fora de prazo de validade. No passe foram “apenas” a pior da competição. No scoring, terminaram sem surpresas no fundo da tabela, num modesto 28º lugar em pontos marcados. Apenas por uma vez – e na última jornada – é que os Jets atingiram a marca dos 25 pontos. Como é que isto é possível? Foi visível a fricção entre Ryan, que sempre gostou de um ataque onde a corrida fosse predominante, e o coordenador ofensivo Marty Mornhinweg, que pretendeu criar um sistema ofensivo focado no passe. A crise de identidade nunca permitiu explorar os poucos pontos fortes que a unidade tinha.
Defesa
Foi a melhor unidade da equipa, mas isso nem será motivo de regozijo, tão paupérrima foi a produção do ataque. Foi visível o desconforto de Rex Ryan, cujo background defensivo lhe criou uma reputação de estratega-mor, em lidar com a pouca qualidade que tinha, sobretudo na referida posição de cornerback. Os Jets terminaram a temporada creditados como a 6ª melhor defesa, mas apenas devido ao trabalho de sapa da DL, onde pontificaram provavelmente os dois melhores jogadores do roster: Muhammad Wilkerson e Sheldon Richardson. Mesmo assim, pese o resultado final meritório, os Jets sofreram o seu maior total de pontos, desde 1996, com 401.
MVP
Defensive tackle Sheldon Richardson. No seu 2º ano, Richardson mostrou evolução, provando que o Defensive Rookie of the Year, ganho um ano antes, não foi obra do acaso. Algo que saltou à vista foi o progresso como pass rusher, mostrando ter skills ideais para atacar as OLs, duma posição interior. Os seus 8 sacks na temporada foram o máximo na equipa, complementados pelo excelente trabalho como run defender.
Melhor Momento
O último jogo, em que a equipa deu uma demonstração de possuir alguma qualidade, marcando 37 pontos e conquistando perto de 500 jardas, contra os rivais de divisão Dolphins. Geno Smith, sempre tão causticado por críticas, realizou provavelmente o melhor jogo como profissional, terminando com um espantoso rating de 158,3. Anteriormente, nos 28 jogos em que foi titular, apenas por uma vez ultrapassou o rating de 100. Nesse mesmo encontro, Eric Decker justificou os 7 milhões anuais recebidos, atingindo as 221 jardas. Pena que, em ambos os casos, as exibições sejam a excepção e não a regra.
Pior Momento
O jogo em Buffalo, no qual Geno Smith atingiu o fundo do poço. Três intercepções, num curto espaço de 11 jogadas, levaram à drástica substituição por Michael Vick. Foi o sinal final de descrença nas qualidades do jogador que, mesmo com um forte suporte dentro da organização, não conseguiu superar os padrões mínimos exigíveis. Smith viria, na recta final, a reapossar-se do lugar, terminando com um assinalável rating de 97,5 nos últimos 4 jogos do ano, deixando uma ténue esperança no ar, para 2015.
Perspectivas 2015
É esperado um facelift, mas não muito pronunciado. Um novo GM e um novo head coach. Todd Bowles tem a recompensa pelo excelente e meritório trabalho feito como coordenador defensivo nos Cardinals. Agora é uma questão de juntar peças. Para um técnico com background defensivo, a contratação mais importante é sempre a do coordenador ofensivo. A escolha recaiu num veterano, Chan Gailey, anteriormente técnico dos Bills. O roster tem mais talento do que as 4 vitórias em 2014 indiciam, com uma forte linha defensiva, em redor da qual se pode construir a fundação para uma equipa competitiva. Com valores suficientes para um jogo terrestre mais efectivo, é agora preciso encontrar playmakers para a secundária e, se possível, adicionar mais um nos wide receivers. A questão do quarterback permanece em aberto, com Geno Smith a ter que lutar pelo lugar no training camp. É previsível que venha um veterano para a posição, da free agency, para dotar a equipa duma alternativa válida, caso Geno padeça dos mesmos problemas.
Artigo inspirado no “report card” de Rich Cimini | ESPN.com