Kansas City Chiefs at Denver Broncos
1 | 2 | 3 | 4 | F | |
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Kansas City Chiefs | 0 | 10 | 0 | 7 | 17 |
Denver Broncos | 10 | 7 | 7 | 3 | 27 |
Afinal Houve Mesmo Surpresa!
Já antes deste jogo muito se tinha falado sobre a caminhada invicta dos Chiefs até Week 11e mesmo com um score de 9-0 ainda não tinham conseguido convencer os mais acérrimos detractores que são efectivamente uma equipa de elite.
Eu sempre fiz parte do grupo de cépticos e sempre escrevi que a primavera em que a equipa de Kansas viva se baseava unicamente num facto: O calendário fácil que tinham tido até ao momento.
Para mim este é um facto indesmentível, senão vejam com quem tinham jogado até esta jornada: Jaguars; Cowboys; Eagles; Giants; Titans; Raiders; Texans; Browns; Bills; ou seja até à Week 11 e com um bye pelo meio Kansas não tinha apanhado realmente um jogo difícil contra uma equipa de topo.
Na Week 11 com o jogo em Denver tudo mudava. O jogo seria dificílimo. Não apenas contra uma das melhores equipas da NFC mas também jogado fora, longe do apoio indefectível que sentem dos seus adeptos no Arrowhead Statidum.
Conseguiria a equipa de Kansas ganhar e calar os críticos?
Eu como crítico acreditava que não e baseava a minha ideia em múltiplos factores e pontos de interesse do jogo que fundamentavam esta opinião:
- O jogo ia decidir não apenas quem era realmente a melhor equipa da AFC West mas também que ficaria com a 1st seed da AFC. Um jogo que Denver não podia ter o luxo de falhar.
- Mesmo com uma lesão no tornozelo, Peyton Manning apresentava-se como o melhor jogador da NFL numa forma diabolicamente eficaz, suportado pelo mais consistente corpo de wide outs da liga.
- Apesar das deficiências na offensive line de Denver e de terem pela frente a excelente defesa de Kansas City. Mesmo assim, quanto a mim, estes factores contrários seriam insuficientes para parar o mais forte ataque na NFL.
- Depois no outro lado da moeda, o conservador ataque dos Chiefs sempre mais em modo de gestão de jogo com uma previsível falta de agressividade. Dawyne Bowe e Jamaal Charles ainda não tinham sido realmente testados, e especialmente Alex Smith um quarterback de small plays que tem a sua principal preocupação no evitar do erro. Esta abordagem hiperdefensiva de certeza que iria sucumbir sobre a pressão de Von Miller e seus pares.
Cheio de certezas instalei-me no sofá para assistir à anunciada hecatombe dos Chiefs. Era impossível acontecer o contrário.
O Jogo

Peyton Manning continua a ser uma peça fundamental nas vitórias dos Denver Broncos
Foto de AP AP Photo/Joe Mahoney
Como esperado a equipa de Denver entrou forte no jogo e com os primeiros ataques conseguiu um field goal que lhe deu 3 pontos de avanço. A equipa de Kansas receosa fazia bastante pouco quer a atacar, quer a defender e nem com a recuperação de um fumble em excelente posição territorial a meio do primeiro quarter, conseguiu marcar.
Denver dominava. Um minuto depois do falhanço dos Chiefs, Peyton Manning consegue uma ligação de 70 jardas com Demaryius Thomas que os deixa na red zone de Kansas. Na sequência do lance um passe para o tight end Julius Thomas dá o primeiro touch down à equipa da casa.
Chegávamos ao fim do primeiro quarter com 0-10 e domínio absoluto de Denver. Entediado, calculei um segundo quarter de domínio dos Broncos e depois gestão do jogo na segunda parte. Afinal o tão propalado jogo do ano da AFC anunciava-se previsível.
Foi então que começou a sobressair a figura do jogo que deu novo interesse à partida: Alex Smith. Contrariando completamente o rótulo de gestor de jogo e talvez por não ter já muito a perder passou ao ataque, e o facto é que desde aqui e até ao final da partida praticamente sozinho levou a equipa ao colo.
No início do segundo quarter consegue uma ligação com Dawyne Bowe de 25 jardas para entrar no território dos Brocos e três jogadas depois novamente num excelente passe para Bowe consegue o primeiro touch down para a equipa encarnada. Com apenas um minuto em meio jogados no segundo quarter o jogo estava a 07-10 e novamente lançado.
Sem barreiras e restrições sobre o solido comando de Smith, com big plays o ataque de Kansas jogava forte e comandava o jogo. Mas Denver quer defensivamente, quer ofensivamente nunca se descompôs e Manning continuava a conseguir levar a equipa para frente face a uma defesa de Kansas, essa sim algo desorientada.
A defesa de Kansas, teoricamente o sector mais forte da equipa e anunciadamente o único factor que podia dar uma vitória aos Chiefs, fraqueja. E pouco depois Montee Ball corre uma jarda para devolver aos Broncos uma confortável vantagem.
O marcador contava 17-10 e estávamos a meio do segundo quarter. Nesta altura crucial pressiona novamente o ataque de Kansas, inicialmente com uma jogada em corrida de Charles, depois com a capacidade criativa de Alex Smith que consegue colocar a equipa visitante a cerca de três jardas da end zone e com possibilidade de novamente ficar a apenas três pontos dos Denver.
É nesta altura que se dá o momento do jogo. Para mim é o conservadorismo do play call de Andy Reid faz os Chiefs perder o jogo. Em três downs tenta em corrida fazer um touch down em vez de aproveitar a estranha rebeldia de Smith no passing game. Resultado: a defesa de Denver leva a melhor contra o jogo pelo chão e Kansas apenas consegue um Field Goal em cima do intervalo. Fica em 10-17 o resultado em vez de uns merecidos 14-17.
Sete pontos é uma diferença manejável para uma equipa forte como Denver. Três pontos e um field goal não é uma diferença meneável para nenhuma equipa da liga. Foi aqui que esteve a diferença.
Fruto da experiência de Denver o jogo acalma novamente no terceiro quarter. Possuidores do melhor ataque na NFL e conscientes que o relógio jogava a seu favor, os Broncos entram em gestão controlada do jogo e sem novidade a cerca de três minutos do fim do terceiro quarter, Peyton Manning faz um enorme passe de 33 jardas para Eric Decker que deixa a defesa dos Chiefs (uma vez mais) nas cordas. O golpe de misericórdia é dado novamente pelo rookie running back Montee Ball com o seu segundo touch down do jogo.
A ganhar 24-10 e apenas com um quarter para jogar a partida está praticamente ganha. Denver consegue ainda um field goal e do lado de Kansas apenas a agitação irreverente de Alex Smith fazia mexer o jogo. Como prémio antes do fim da partida o quarterback de Kansas num passe de 10 jardas consegue encontrar Anthony Fasano para mais um touch down que coloca o resultado final em 17-27.
Acabado o jogo, os 10 pontos de diferença espelhavam a minha previsibilidade calculada sobre o resultado. Disse a mim próprio que era esperado este desfecho. Sem surpresas.
Mas cá dentro um sentimento de insatisfação assolava-me. Deixava-me incompleto.Tinha de facto acertado no desfecho mas falhado no conteúdo.
Alex Smith é um quarterback minimizado no seu desempenho, maltratado na sua carreira, considerado um flop e até mesmo agora na excelente carreira de Kansas desvalorizado para um papel menor de gestão de jogo sem erros e nada mais.
Na madrugada de domingo eu vi outra coisa. Vi muito mais de que um bom jogo. Vi-o a ser maior que o mundo e a marcar um ponto muito mais importante que se calhar o ponto que a vitória podia ter dado:
Afirmou que em Kansas City além de uma grande defesa, de um bom ataque e de uma explosiva equipa especial, vive também um dos melhores e mais dinâmicos quarterbacks da liga.
Mostrou-nos a todos que não precisa da nossa atenção e que vai jogar para equipa quando for necessário e para o espectáculo quando preciso.
Mostrou-nos que Kansas City é uma equipa com muito mais profundidade e qualidade do que pensávamos, e que se todos os seus sectores jogarem equilibradamente têm muita qualidade e são uma seria hipótese de ganhar um Super Bowl.
Sim, sem dúvida: No fim a vitória foi para Denver. Mas afinal houve mesmo surpresa. Que grande equipa existe em Kansas City e numa liga que se diz de quarterbacks um dos melhores estava discretamente escondido, bem debaixo dos nossos olhos.
Links
Highlights: http://www.nfl.com/videos/nfl-game-highlights/0ap2000000283719/GameDay-Chiefs-vs-Broncos-highlights
As Nossas Escolhas
MVP
Alex Smith: Os números falam por si. 230 Jardas em passe para 2 TD e o segundo melhor rusher da equipa com muitas jardas conquistadas pelo chão. Pois é: Não foi apenas um jogador de pocket de bolas curtas e seguras. Foi um jogador activo, de big palys e com rapidez de leitura nas read options a entrar em scramble muitas vezes sobre uma surpreendida defesa de Denver que teve enormes dificuldades em o conseguir parar.
Do que eu li da imprensa americana. Novamente não lhe veio grande reconhecimento. Pessoalmente na minha equipa não gosto de jogadores com perfis que vendem jornais. Prefiro perfis que ganham jogos. O Alex Smith é um jogador discreto numa liga espectáculo e de quem é fácil não gostar, mas ainda vai obrigar muita gente a abrir os olhos e encharcados na sua recém- adquirida modéstia vão ter que reconhecer que estavam errados.
O que aqui escrevo é profético.
Há é verdade: Turn overs. Além de um semi-fumble derivado de um mau snap em que recuperou a bola facilmente. Mais uma vez ao seu melhor nível. Praticamente sem erros.
Positivo
Toda a defesa de Denver: Quando se dizia que este jogo podia ser ganho na defesa, ninguém esperava que fosse a de Denver a melhor em campo. Mas foi! A maneira como conseguiram impedir o touch down de Kansas antes do intervalo foi o momento do jogo. Shaun Philips, Von Miller, Danny Trevathan, e Duke Ihenacho merecem uma menção individual.
Montee Ball: Dois touch downs em running game por um rookie e apenas uma menção honrosa se calhar é injusto. Mais ainda num jogador com muita flexibilidade com uma actuação pautada por um bom rácio de produtividade.
Uma palavra para Knowshon Moreno que teve todo o trabalho difícil de fazer chegar a bola a frente. Ball só teve que marcar, o que não é pouco!
Passing Game de Denver: Em formato chuva de estrelas: Peyton Manning, Demaryius Thomas, Julius Thomas, Erik Decker, WesWelker. 325 jardas! Sim vocês são muito bons. Mas isso já todos sabíamos.
Negativo
A lesão de Wes Welker: Mais uma concussão que pode afastar um grande jogador por algum tempo.
A Defesa de Kansas City: Também em formato chuva de estrelas: Justin Houston, Eric Berry, Brandon Flowers, Tamba Hali, Allen Bailey, etc… Com a diferença que não jogaram nada! Zero sacks! Zero recuperações! Zero Intercepções! Tudo sobre o signo do zero! Acabaram por ser os grandes e únicos responsáveis pela derrota de Kansas City. Neste caso a corrente partiu pelo elo mais forte.
A falta de emoção: Podia ter sido e foi um grande jogo. Mas a excelente gestão do jogo e do resultado feito pelos Denver Broncos roubou toda a espectacularidade. Foi pena, pois o jogo do ano da AFC merecia mais.