College Football 2014: Bowl Season 1

Paulo Pereira 28 de Dezembro de 2014 Análise Jogos College Comments
Virginia Tech vs Cincinnati

College Football 2014: Bowl Season 1

Let the party begin!

A época da Natal e Ano Novo tem um significado acrescido para os amantes de futebol americano. O final de ano coincide com o fim da regular season, na NFL, e com um dos mais apreciados períodos do College. É a altura das Bowls, verdadeira celebração espiritual dos fãs das equipas universitárias que, muitas vezes, vivem exclusivamente para estes jogos. Empolgantes, envolvidos num cenário cénico que mistura coreografias de miúdas em roupas diminutas e bandas a tocar de forma cacofónica, os jogos representam a verdadeira essência da competição. Pura, dura, pintalgada de magia, em finais que preenchem o imaginário comum. O pontapé de saída na temporada de bowls já foi dado, mas Sábado representou o 1º grande dia, aquele em que se começaram a defrontar algumas das mais sonantes equipas da prova. É o tiro de partida para um período frenético, até final do ano, numa escalada de interesse que terá o zénite nos primeiros playoffs do Colege. Para já, vamos dissecar uns quantos jogos.

Military Bowl

Virginia Tech, 33 vs Cincinnati, 17

Quem acompanhou o percurso das equipas, pode achar que este resultado foi uma surpresa, um upset que vitimou o favorito. E é inteiramente verdade. Cincinnati chegava aqui aureolada com o título da AAC e comandada superiormente por Gunner Kiel, o quarterback que revolucionou o jogo da equipa, este ano. Transferido de Notre Dame, onde nunca encontrou espaço para mostrar o seu talento, Kiel rapidamente assimilou as cores de Cincy, mostrando nacionalmente porque era considerado o melhor quarterback vindo do high school, há 3 anos atrás. No lado oposto, numa temporada que roçou a mediania, os Hokies estavam privados do perene Frank Beamer, o head coach que colocou a universidade no mapa, décadas atrás. Operado à garganta, Beamer acompanhou o jogo na press box, nervosamente vendo Virginia Tech a assumir o comando, no final do primeiro período. Até lá, tudo se resumiu a tiros nos pés de Cincinnati. Primeiro, desperdiçando um field goal na drive inicial e, depois, ainda com o marcador a zeros, lançando uma intercepção na red zone. O ponto de viragem veio numa trick play, quase a terminar o 1º período, quando Cincy vencia por 7-0. Michael Brewer, o QB de Virginia Tech, fez de receiver, iludindo os adversários, e conseguindo uma recepção, num passe de Isaiah Ford, um receiver freshman que fez parte da carreira no high school como…quarterback. O lance culminou no empate e, depois disso, só deu VT. No 3º período, Gunner Kiel sofreu um sack que o deixou combalido (foi obrigado a abandonar o jogo), perdendo a bola, retornada para touchdown. Foi o fim prematuro do encontro.

MVP: JC Coleman, running back de Virginia Tech, escolheu o jogo ideal para fazer a exibição da sua carreira. 25 corridas, 157 jardas e um TD. A seu lado, repartindo honras, o cornerback freshman Greg Storman, que deu um elevado contributo para o resultado, marcando um TD no retorno do fumble, ajudando nos retornos do special team e participando, por duas vezes, no ataque, onde conseguiu 2 recepções.

Hyundai Sun Bowl

Arizona State, 36 vs Duke, 31

Foi um jogo selvagem, mais parecendo um duelo de pistoleiros, totalmente fora de controlo. Os Sun Devils eram claramente favoritos, mas Duke demonstrou, nos dois últimos anos, que é uma equipa resiliente e repleta de qualidade. Mas isso ainda não chega. A seca mantém-se e Duke não vence uma Bowl desde o longínquo ano de 1961. Foi uma espécie de conto de duas partes. Na primeira, supremacia total de ASU, alicerçando uma vantagem no marcador que parecia confortável, com um 20-3 que denotava uma total superioridade. Taylor Kelly dominava o jogo a seu bel-prazer (o QB de ASU terminou com 24/34, 240 jardas, 2 TDs e mais 24 jardas corridas), conectando-se com facilidade com Jaelen Strong (o receiver terminou com 7 recepções e 103 jardas) e tudo parecia culminar um resultado desnivelado. Puro engano. Duke orquestrou um notável comeback, na 2ª metade, usando uma variedade de screen passes para evitar a agressiva defesa contrária, que até então tinha sufocado Anthony Boone e os seus pares. O QB de Duke conseguiu realizar duas drives consecutivas de sucesso, finalizados em 2 TDs e encurtando distâncias. O jogo ficou superinteressante, nesta fase, numa toada de parada e resposta, que ainda viu Duke passar para a frente do marcador, a pouco mais de 4 minutos do fim. A resposta foi imediata, num retorno de 96 jardas de Demario Richard, que permitiu a ASU reapossar-se da liderança. O thriller manteve-se até final. A drive seguinte colocou Duke na red zone, ameaçando passar para a frente novamente, a menos de um minuto do fim. Mas Anthony Bonne (15/31, 196 jardas, 2 TDs e uma INT), cometeu um erro, precipitando-se no passe, com este a ser interceptado na end zone. Foi o The End para um jogo empolgante.

MVP: Who else? Demario Richard. Um mês depois de completar 18 anos, Richard ameaça tornar-se a referência a curto prazo dos Sun Devils. Um jogo cirúrgico, auxiliando a equipa em quase todas as fases do jogo e revelando uma frieza tremenda. Richard correu 7 vezes, ganhou 41 jardas no solo e marcou 2 TDs, participando ainda no ataque como receiver, em 5 recepções, 22 jardas e mais 2 TDs. Duke nunca teve resposta para ele.

Independence Bowl

South Carolina, 24 vs Miami, 21

Foi a reedição da fábula da cigarra e da formiga. South Carolina vestiu a pele da formiga trabalhadora, que rapidamente angariou sustento para o inverno rigoroso, durante a 1ª parte, podendo depois assistir descansada à tentativa de recuperação do adversário, a cigarra que passou a primeira metade do encontro a dormir. Liderados por Dylan Thompson, os Gamecocks comandaram a 1ª parte, recuperando dos dois field goals iniciais de Miami, esmagando o adversário em jardas. Ao intervalo, a diferença era notória, com 196 jardas contra 36. O resultado era igualmente esclarecedor: 17-6, com South Carolina a marcar dois touchdowns (um deles numa jogada espantosa, de 78 jardas, com Dylan a lançar para Pharoh Cooper). A 2ª parte já trouxe uma reacção dos Hurricanes, fortemente apoiados no jogo corrido, onde Duke Johnson obteve a maioria das suas 132 jardas. Brad Kaaya foi o mesmo quarterback da temporada. O freshman mostrou pormenores deliciosos, repletos de qualidade (como na drive que acabou no TD de Phillip Dorsett), misturados com outros de menor acerto, como no lance da sua INT e em alguns overthrowns. A tentativa de recuperação foi meritória, mas não chegou. A conexão entre Kaaya e Dorsett, a 2 minutos do final, permitiu que South Carolina controlasse o cronómetro, até final.

MVP: Dylan Thompson. O quarterback de South Carolina conseguiu comandar eficientemente o ataque, impedindo que a equipa de Steve Spurrier terminasse com um recorde negativo na época (7-6). O senior terminou o jogo com 22 em 34, 284 jardas, 2 TDs, obtendo ainda um touchdown corrido. Destaque igualmente para Pharoh Cooper, com fantásticas 170 jardas em apenas 9 recepções, conseguindo um TD.

Holiday Bowl

USC, 45 vs Nebraska, 42

Wild shootout. E é isto que queremos num Bowl game. Foi um jogo repleto de big plays, com os ataques a deixarem as defesas contrárias mal vistas, em jogadas deliciosas, feitas de velocidade estonteante. O triunfo recompensa os Trojans que, com a chegada de Steve Sarkisian, abriram outro capítulo na sua já rica história. Sarkisian tomou em mãos a tarefa de reconstrução da outrora melhor equipa da nação, adicionando juventude e dotando-a de maturidade em plena competição. Foram 11 freshmans que foram lançados este ano, com participações consistentes. Existe ainda alguma ingenuidade, visível na defesa, mas a universidade promete voltar aos tempos áureos. O encontro foi um festival de ataque, interdito às defesas. Entre ambos, foram 1040 jardas e 38 pontos, apenas num período (no 3º, que representa um recorde em qualquer bowl). O jogo, repleto de jogadas sensacionais, teve demasiados protagonistas para serem dissecados individualmente. Fiquemo-nos pelo momento decisivo, aquele em que o resultado ficou gravado. Nebraska, que desta feita não contou com um super Ameer Abdullah (apenas 88 jardas corridas, numa média pífia de 3,3), perdia por 45-42, a 2 minutos e 31 segundos do fim. A bola estava nas 31 jardas de USC e a drive de Nebraska foi parada. A decisão entre chutar um longo field goal (perto das 50 jardas) ou optar por um 4-and-3, foi favorável a esta última. E Nebraska foi novamente parada, perdendo a bola em downs e ficando à mercê do adversário. Até final, os Trojans limitaram-se a gerir o cronómetro.

MVP: Adoree Jackson. Esteve em todo o lado. A retornar kicks. Como receiver, a marcar touchdowns. A jogar na secundária e a fazer jogadas relevantes. Foi omnipresente. Foi dinâmico. Foi, acima de tudo, empolgante. Numa equipa que perderá algumas das pedras basilares, como o RB Javorius Allen (grande jogo, com 152 jardas e 2 TDs), Cody Kessler (321 jardas e 3 passes para TD), Nelson Agholor (7 recepções e 1TD) e Leonard Williams (um dos mais renomados defensive tackles da prova), Adoree representa a esperança na manutenção do statuos quo da universidade. Adoree abriu as hostilidades com um retorno de um kickoff, marcando numa cavalgada impressionante de 96 jardas. Depois, adicionou 3 recepções, somando 73 jardas e o score da praxe. E ainda jogou na secundária, como cornerback, defendendo passes.

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Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.