College Football 2014: SEC East Preview
A SEC é considerada, quase unanimemente, como a melhor conferência existente no College, com universidades poderosas, que se digladiam pela honra e glória, elevando o seu status a um nível quase impensável. Palco de rivalidades doentias, de competições aceradas, disputam os melhores jogadores com uma agressividade exagerada, sempre na ânsia de dotar o programa desportivo da next big thing. Separada em duas zonas geográficas, a SEC divide-se entre o lado East e West. A SEC East é vista como o elo mais fraco nesta correlação de poder, algo longe do cintilante conjunto de equipas que gravitam no oeste. A opinião, se bem que assente em fundamentos aparentemente sólidos, relativiza os trabalhos de médio/longo prazo. É fácil olhar para o lote de universidades e, de forma algo desdenhosa, catalogar Vanderbilt, Tennessee e Kentucky como exemplos dessa argumentação que enfraquece o lado este. Mas, paulatinamente, os referidos programas têm vindo a encurtar a distância que os separa da elite, com trabalhos pacientes, organizados e direccionados para um sucesso sustentado no tempo e não algo efémero, merecendo louvores e não descrença. Logicamente que, pese esse esforço efectuado, continua a existir uma diferença qualitativa, mesmo dentro da SEC East. Existem, à cabeça, três candidatos que se destacam e podem reivindicar, para si, o estatuto de potenciais vencedores da divisão e consequente ida à final da conferência. São eles Georgia, South Carolina e Missouri (que atingiu o SEC Championship no ano transacto). A figura maior, quando falamos de atletas, deverá ser o fenomenal running back dos Bulldgos (Georgia) Todd Gurley, precoce candidato ao Heisman Trophy em 2014. Numa divisão cheia de talento, aos nomes consagrados juntar-se-á, como quase sempre, mais um ou dois nomes de atletas saídos do nada e que tomarão a competição de assalto. Não pretendendo entrar nebuloso mundo da futurologia, mantenham-se atentos a um: Maty Mauk, quarterback de Mizzou, que substituirá o renomado James Franklin.
Por falar em James Franklin, existe outro homónimo que, do nada, se consagrou e reflecte as linhas com que iniciei este artigo. Este James Franklin herdou um desafio hercúleo, quando foi nomeado head coach de Vanderbilt. Em 2011, ao leme da universidade, jogando na mais competitiva conferência da nação, as expectativas não eram elevadas. Vanderbilt tinha ganho 4 jogos, nos DOIS anos anteriores, dois em cada época (terminadas com idêntico recorde negativo, de 2-10). Um dos vectores que leva ao sucesso, no College, é o estabelecimento de um programa de recrutamento competitivo, capaz de descobrir e, sobretudo, convencer os jovens saídos do high school a comprometerem-se com o programa desportivo da universidade. Franklin, num meio tão congestionado, tornou visíveis os Commodores, dotando a universidade duma visibilidade até então apenas sonhada. Duas épocas com um 9-4 (em 2012 e 2013) levaram ao despertar da cobiça alheia e a um convite irrecusável. E esta será uma das histórias da temporada que se avizinha. Franklin partiu para Penn State, deixando os destinos de Vanderbilt nas mãos de Derek Mason. O que se pode aguardar de Vanderbilt, agora? Manterá a evolução ou sofrerá um retrocesso? Mason é uma aposta que encerra algum risco, dado ser o seu primeiro trabalho como head coach. Treinador com um background defensivo, tornou-se conhecido como coordenador de Stanford, responsável-mor por um sector defensivo que brutalmente punia os adversários. Conseguirá ele, nesta transição, manter a qualidade do trabalho?
Numa análise sempre subjectiva, eis uma apresentação sumária dos principais candidatos ao título na divisão, numa tomada de pulso à correlação de forças na SEC East:
1. Georgia
Serão o adversário a abater e aquele que aparenta ter um cast com mais talent. Perderam Aaron Murray, o que deixa uma enorme interrogação na posição de quarterback, mas a mera presença de Todd Gurley no jogo corrido permitirá a manutenção de um ataque intimidante. A destacar a introdução de um novo coordenador na defesa, vindo de Florida State, Jeremy Pruitt.
2. Missouri
Ninguém esperaria um crescimento tão sustentado de Missouri que, no seu 2º ano a SEC, tomou de assalto a conferência, vencendo a SEC East e indo ao Championship, onde perdeu com Auburn. O futebol de Mizzou foi empolgante, mas as perdas foram também grandes, com as saídas de James Franklin e do running back Henry Josey. Franklin era um playmaker e Josey um corredor com mais de mil jardas amealhadas. Na defesa, Kony Ealy e Michael Sam também partiram para a NFL. O que permaneceu parece ter talento e capacidade para manter a equipa competitiva.
3. South Carolina
Os Gamecocks tentam um feito inédito nos anais da universidade: a 4ª temporada consecutive com 11 vitórias. Também aqui a perda mais significativa aconteceu na posição mais importante. A partida de Connor Shaw deixou tudo em aberto para o posto de quarterback, mas Dyland Thompson parece ser o favorito para vencer a competição. Com uma das melhores linhas ofensivas da prova e com Mike Davis como running back, parece possível à equipa atingir os seus desejos. A presença de Davis permitirá um crescimento mais sustentado ao novo quarterback, com este a não ter tanta responsabilidade na condução do ataque. Existem dúvidas igualmente na defesa, que viu partir o seu jogador mais mediático (Jadeveon Clowney), bem como o cornerback Victor Hampton, a alma da secundária.
4. Florida
Os Gators têm tanto para provar, depois do desastroso 2013, que parece impossível fazerem pior. Will Muschamp é um técnico no hot seat, depois da limpeza que foi obrigado a efectuar no final da temporada (despedimentos de Brent Pease – coordenador ofensivo – e Tim Davis – treinador da OL). Jeff Driskel, já recuperado da lesão que o atormentou, terá uma prova de fogo, procurando demonstrar desenvolvimento e progressão na posição de quarterback. A defesa dos Gators, mesmo tendo perdido Loucheiz Purefoy, tem tudo para ser uma das melhores da conferência.
Conclusão
É fácil perceber um denominador comum a quase todas as equipas acima mencionadas: a falta de um quarterback estabelecido. A única excepção são os Gators, que contam com Driskel na condução de ataque. Os outros irão estrear novos jogadores na posição, resguardados, em alguns casos, com a presença de um forte e competente jogo corrido. Mas a história da temporada, feita de sucesso e fracasso, terá sempre esse vector como primordial. Nos jogos mais importantes, naqueles embates divisionais em que tudo está em jogo, será sobre o quarterback que recairão as responsabilidades decisivas. E é na forma como este suportará essa pressão que a temporada de 2014 será recordada.