College Football 2014: Week 3 Review
Não foi uma grande semana, no que respeita a jogos imperdíveus, daqueles que fazem acelerar o coração mais umas batidas. Não foi, no entanto, uma jornada sem emoção. Essa existe. Sempre. Nem que seja na pura exaltação do jogo e dos feitos que se vivenciam.
O Jogo da Semana
Virginia Tech vs East Carolina
Um upset. E dos grandes. Virginia Tech estava em pleno ressurgimento, vinda duma importante vitória contra Ohio State. Jogando em casa, a equipa de Frank Beamer, verdadeira lenda vida na história da universidade, parecia destinada a grandes feitos. Ainda os pode alcançar, mas levou um murro no estômago que deixará sequelas. Uma das melhores secundárias da nação, liderada pelo CB Kendall Fuller, foi incapaz de parar o QB Shane Carden. Este habitualmente forma um tandem mortal com o WR Justin Hardy, mas quem brilhou na recepção aos seus passes foi outro nome. Cam Worthy dilacerou as entranhas de Virginia Tech, amealhando 223 jardas em apenas 6 recepções. Shane Carden foi o MVP do encontro, instrumental na vitória por 28-21, lançando para 427 jardas (uma humilhação tremenda para a secundária de Virginia), 3 touchdowns, e correndo para mais um. A vitória representa imenso para esta geração de jogadores de East Carolina e ficou bem representada a sua importância no emocional abraço dado, findo o jogo, entre Carden e o seu head coach Ruffin McNeill. É a primeira vitória contra uma equipa do top 25 do ranking desde 2009, e a primeira fora de portas desde o longínquo 1996. Belo jogo, com um final apropriadamente emocionante, com o TD que marcou a diferença a surgir a 21 segundos do final.
South Carolina vs Georgia
South Carolina, com uma derrota estrondosa em casa no jogo inaugural, frente a Texas A&M, redimiu-se, vencendo de forma apertada por 38-35. A vitória mantém a equipa na luta pela divisão (Sec East), atrasando o adversário, com pretensões aos playoffs, antes desta jornada (Georgia era 6ª no ranking). A chave do jogo residiu na secundária que, desta feita, foi capaz de evitar estragos maiores no jogo aéreo, limitando o ataque a 191 jardas. Também na defesa contra o jogo corrido os Gamecocks estiveram francamente melhores, conseguindo abrandar o demolidor ritmo do backfield dos Bulldogs. Nestes, Todd Gurley voltou a mostrar ser uma arma imparável, somando mais 131 jardas (6,6 jardas por corrida) e 1 TD, reivindicando a sua dose semanal de atenção do Heisman Trophy. Hutson Mason, o novo quarterback de Georgia, após a partida de Aaron Murray, conseguiu evitar erros maiores, mas foi comedido e pouco exuberante no passe, num game plan que tentou, acima de tudo, ser conservador. Hutson acabou com apenas 191 jardas passadas (mas conseguiu 2 passes para TD). A sua contraparte, em South Carolina, esteve uns furos acima, exibicionalmente. Dylan Thompson foi sempre mais expedito e, por isso, mais propenso ao erro (teve uma INT), mas dinamizou bem o ataque, com 3 TDs e colocando os seus receivers sempre em boa posição (o grupo terminou com 271 jardas, no total). É pena não existir uma realidade alternativa, que nos permitisse ver como se desenrolariam os jogos, caso outras decisões, nos momentos cruciais, tivessem sido tomadas. Tendo Gurley na equipa (e um backfield com Keith Marshall e Nick Chubb, um freshman talentoso) porque raios Georgia optou pelo passe quando estavam a 4 jardas da end zone adversária? Inexplicável!
O Quarterback da Semana
Jerry Neuheisel, UCLA. Provavelmente nunca ouviram falar dele. Não há qualquer problema. Quem é que se importa com o backup quarterback de qualquer uma das universidades, sobretudo se o titular for um dos grandes nomes da competição? Ninguém. UCLA tem um dos mais afamados jogadores na posição, previsivelmente destinado ao sucesso na NFL. Brett Hundley entra nas cogitações para o Heisman Trophy e é o líder incontestado da potencia da Califórnia, candidata não só ao título na divisão mas, inclusive, aos playoffs. E é disto que é feita a essência do College. De heróis anónimos. De jogadores vulgares elevados à categoria de salvadores. Hundley, no difícil embate contra Texas, saiu lesionado. A equipa, que sentia as dificuldades do jogo, ficou contra a parede. Muito do sucesso da temporada dependia da vitória. Neuheisel, cujo pai (Rick Neuheisel) foi uma estrela dos Bruins e, posteriormente, treinador da universidade, foi lançado aos lobos. E respondeu de forma magistral. Os seus números podem não reflectir a grandeza da exibição. 23/30, 178 jardas e 2 TDs. Mas foi nesse capítulo, no passe, que Neuheisel foi clutch. A 4 minutos do fim o running back Jordon James sofre um fumble. Bola para os Longhorns. Podia ser a maior vitória da universidade texana, desde a chegada de Charlie Strong. Mas, num daqueles lapsos mentais, os Longhorns mantiveram o seu hurry-up offense. Quando se pedia um congelamento do cronómetro, gastando precisos segundos, optaram por um ataque speedado. O resultado não foi bonito. Um three-and-out, bola para o adversário e o nascimento de um improvável herói. Um pump-fake, permitindo a libertação do receiver na linha, e depois o passe em espiral para o touchdown da vitória.
O Running Back da Semana
James Conner. Pittsburgh. O nome, vagamente relacionado com a saga Terminator, já lhe dá algum carisma. O resto é um forte contributo do próprio. Conner tem sobressaído, nestas 3 semanas da temporada. Contra FIU foi, novamente, o elemento mais importante dos Panthers, que estão 3-0 pela primeira vez desde 2009. Num triunfo por 42-25, fora de portas, o jogo corrido revelou-se instrumental. E, nele, a exibição individual de Conner, correndo 31 vezes, para 177 jardas e 3 touchdowns. Os seus números são ainda mais impressionantes. Nos 3 jogos já disputados, Conner leva já 544 jardas, batendo um recorde antigo da escola, que era de Tony Dorsett e datado de 1973. Um feito e tanto para o sophomore.
O Wide Receiver da Semana
Demarcus Robinson, Florida Gators. Impressionante o jogo do receiver, numa dramática vitória de Florida contra o rival da SEC Kentucky, por 36-30…num triplo prolongamento. Verdadeiro monstro de trabalho, Robinson terminou com 15 recepções, 216 jardas e dois touchdowns preciosos. Num jogo de emoções extremas, que levou os Gators ao limite (no primeiro prolongamento a equipa da Florida sobreviveu a um 4-and-7 para empatar novamente o encontro), o sophomore continua a alimentar as expectativas quanto ao seu valor. No jogo 1 (os Gators têm um jogo em atraso, adiado devido ao mau tempo), Robinson coleccionou 123 jardas. Agora, no mais impressivo jogo da sua ainda curta carreira, mostrou que a famosa universidade da Florida tem ali um diamante, prestes a brilhar.
Menção Honrosa da Semana
Impossível ficar indiferente às sucessivas performances de KD Cannon, a nova arma de Baylor. Um dos ataques mais explosivos e empolgantes da nação ganhou uma nova coqueluche. O freshman saltou para a ribalta quanto a universidade se viu privada dos seu trio de receivers, obrigando a uma adaptação no ataque. Sem grandes problemas, Cannon foi lançado às feras e sobreviveu. Depois disso, seria difícil retirá-lo do campo. Esta semana nova demonstração de talento, com 6 recepções, 189 jardas e um TD monumental, numa catch and run de 89 jardas.
O Jogador Revelação da Semana
Marcus Mariota. Não. Não enlouqueci. O jogador, apontado como uma pick de top 10 no draft de 2015 não é uma revelação. É uma certeza. É debatido nacionalmente, apontado como favorito ao Heisman. Mas, então, porque é que aparece aqui, lugar que devia ser reservado aqueles atletas que vivem num anonimato e que, por uma exibição transcendente, se tornam motivo de elogios merecidos? Bem, Mariota merece a atenção deste cantinho…por tudo o que foi escrito acima. É um dos principais candidatos a vencer o troféu de melhor jogador universitário. É o líder dos Ducks, que apostam forte na vitória na PAC 12, a sua conferência. E têm pretensões a algo maior. O título nacional. Mariota, por isso, devia viver numa redoma. Intocado. Podia permanecer sossegado, no pocket, enquanto massacra os adversários, com o braço. Contra Wyoming podia ter feito isso tudo. A valia do opositor não era incomodativa. Mas Mariota vive o jogo. É uma força indomável, jovem, que se julga à prova de balas. No passe foi quase perfeito, com um 19/23, 221 jardas e 2 TDs. No solo juntou mais 71 jardas e mais 2 TDs. E é neste último, no seu poder de decisão, na sua arrancada, naquele exacto momento em que o seu cérebro decide “vou correr”, que está a linha separadora entre um atleta calculista, que pese todos os riscos, e um que, mais do que usufruir o jogo, torna-se no jogo, encarnando todos os predicados dos grandes nomes na história do College. Mariota podia ter lançado, colocado a bola fora ou simplesmente ter permanecido estático. Optou por correr, quebrando regras e espartilhos tácticos. Sujeitou-se, na sua corrida, a um tackle ou a um embate que o podia debilitar fisicamente e, com isso, hipotecar o seu futuro e o da equipa. Mas o futebol é paixão. Todo ele. Mariota não se limitou a expor. Fê-lo em grande estilo, terminando num insano mergulho.
http://www.foxsports.com/college-football/story/marcus-mariota-flying-touchdown-video-oregon-ducks-091314?cmpid=tsmfb:fscom:cfbonfox
O Defensor da Semana
Não, não inaugurei uma nova rubrica. O College é demasiado profundo, em jogos e universidades, não permitindo o mesmo tipo de especialização da NFL. É difícil, por manifesta falta de tempo, mantermo-nos a par de tudo o que acontece na competição. Mas é impossível ficar indiferente ao hype que rodeia Shaq Thompson, um dos mais celebrados defensores da prova, um linebacker poderoso ao serviço dos Huskies de Washington que, semanalmente, rouba os títulos dos jornais. No embate contra Illinois, dois touchdowns defensivos. Um resultante da recuperação de um fumble e o outro no seguimento duma intercepção. Para além disso, dá uma ajuda ao jogo corrido, quando é necessário. Teve 3 snaps no ataque, correndo 16 jardas. Awesome!






