O Regresso dos Heróis
Terminou a longa travessia do deserto. Uma espera de trinta e uma semanas para que a bola volte aos céus, altiva, imponente, certeira. Duzentos e dezasseis dias para que as asas de frango voltem às grelhas nas tailgate parties, para que as cheerleaders regressem às coreografias de régua e esquadro às quais ninguém consegue reparar, para que os estádios de novo vestidos a rigor, cheios de adeptos que não conhecem a palavra desistir. Vai haver primeiro o sol, depois as nuvens, algum frio, frio a sério, chuva, neve, muita neve. Vão haver vencedores óbvios, derrotados inesperados, lances incríveis e touchdowns épicos, potencialmente lendários. Vão haver dezassete semanas com Domingos perfeitos, mais quatro semanas de mata-mata e aguenta coração, para se chegar à semana de todas as semanas, o jogo de todos os jogos. Pelo meio haverá ainda um jogo de estrelas que servirá apenas de aperitivo à partida de uma vida, que se disputa no primeiro dia de Fevereiro. Tudo isto é maravilhosamente espectacular e cientificamente justo. Tudo isto é apenas possível graças aos heróis de armadura e capacete, corajosos na hora de cada batalha, dispostos a tudo em nome da sua bandeira, dos seus adeptos. Adeptos como nós, igualmente heróis à nossa maneira, capazes de sobreviver a duzentos e dezasseis dias sem football season. Felizmente, terminou hoje a longa travessia do deserto e mais logo à noite, já de madrugada, a bola vai voltar de novo aos céus das nossas vidas.