College: Análise Week 4

Paulo Pereira 29 de Setembro de 2012 Análise Jogos College Comments

Jogos da Week 4

Clemson, 37 @ Florida State Seminoles, 49

Ponto prévio. Este deverá ter sido o melhor jogo da temporada, até à data. Mas isso, face aos contendores, era previsível. Dois ataques dinâmicos, lutando pela supremacia, não só na ACC, mas igualmente pelo melhor posicionamento final. Clemson, nº 10 do ranking e os Seminoles de Florida State em 4º lugar, comprovando que a hipótese de discutirem o título não é meramente académica. Clemson, com uma equipa recheada de estrelas no ataque, parecia ter o jogo controlado, quando vencia por 28-14. Mas, no pós-intervalo, a recuperação dos visitados foi sensacional, com um score parcial de 35-3. O total de ambas as equipas é elucidativo: 1093 jardas postas no ataque! Se o ataque de Clemson esteve ao seu nível – excepção feita a Sammy Watkins, com um jogo mais apagado (mas, curiosamente conseguindo um passe para touchdown, numa play action que resultou na perfeição) – os Seminoles viram finalmente EJ Manuel, o seu quarterback, a mostrar os atributos que levam alguns scouts a acharem-no “NFL ready”. 27/25 em passe, um máximo de carreira de 80 jardas e 2 passes para touchdown, correndo para mais 102 jardas. Pela primeira vez, desde os míticos tempos de Bobby Bowden à frente da universidade, o programa de Florida State acalenta justificadas expectativas em redor da final nacional. Se EJ Manuel esteve bem, o que dizer de Chris Thompson, o running back da equipa? Mais um jogo sólido, com 103 jardas e 2 touchdowns, elevando para 5 o total na temporada.

Kansas State, 24 @ Oklahoma, 19

Kansas State Collin Klein

Collin Klein, o Quarterback dos Kansas State à procura conquistar terreno
Fonte da Imagem: Bo Rader

UAU. Bill Snyder, o decano treinador de Kansas, não conseguia esconder o sorriso resplandecente no final do jogo. O caso não era para menos. Uma simples olhadela para o ranking via a sua equipa, antes da partida, no 15º lugar. O adversário no 6º. No ano passado, Kansas sofreu uma derrota tremenda, por 41 pontos, perante este mesmo adversário. Nos últimos 15 anos nunca Kansas tinha vencido no campo do rival da Big-12. John Hubert, running back dos Wildcats de Kansas, esteve inspirado, com as suas 130 jardas a serem preciosas. Num duelo entre quarterbacks mediáticos, venceu Collin Klein (Kansas State), marcando um touchdown corrido (79 jardas corridas) e isento de erros no passe, ao contrário Landry Jones, com uma intercepção e um fumble comprometedor, retornado para touchdown. As aspirações ao título dos Sooners, motivo pelo qual Landry Jones optou por ficar mais um ano na universidade, sofreram um duro revés.

Outros Jogos

Missouri, 10 @ South Carolina, 31

Os Tigers de Missouri, neófitos na SEC, estão a ter uma árdua aprendizagem. A SEC, habitualmente tida como a elite no College, tem procurado demonstrar que o grau de dificuldade dos seus jogos é um mundo à parte, quando comparado a outras conferências. South Carolina, actualmente em 7º do ranking, continua a ascensão, provando que é uma equipa sem grandes debilidades, num equilíbrio perfeito entre o jogo corrido/aéreo. O seu quarterback, Connor Shaw, procurou escrever a definição de perfeição, com a exibição no jogo. Um passe errado durante os 60 minutos. Um! Shaw fez 20/21, 249 jardas e 2 passes para touchdown, usando de forma cirúrgica os recursos da equipa. Neles consta Marcus Lattimore, cuja devastadora lesão no ano passado feriu de morte as pretensões da equipa. Já recuperado, Lattimore caminha a passos largos para a forma que o notabilizou. Frente a Missouri, 85 jardas e 2 touchdowns marcados.

Michigan, 6 @ Notre Dame, 13

Um embate entre uma equipa de ataque temível, capitalizando a presença de Denard Robinson (quarterback dos Wolverines de Michigan) e outra que faz da defesa o dogma da equipa. Notre Dame, com um início de 2012 de sonho, tem capitalizado a presença na equipa duma força da natureza, um jogador que, salvo uma fatalidade de proporções cósmicas, fará furor na NFL. Manti Te’o, linebacker (ano senior), tem sido fulcral nesta caminhada dos Fighting Irish. Contra Michigan, para além das inúmeras intervenções contra o jogo corrido, foi fundamental e precioso no estancamento do jogo aéreo, com duas intercepções. Se no ano passado tínhamos assistido a um dos mais insanos comebacks da história, com os Wolverines a vencerem Notre Dame de forma dramática, desta feita Denard Robinson despiu a farda de super-herói e foi o vilão. Os seus já usuais passes forçados foram uma dádiva para a defesa contrária, que o interceptou 4 vezes e o impediu de correr como habitualmente. As 948 jardas conseguidas por Michigan, nos dois últimos embates contra o rival, perduram agora apenas como uma memória. Notre Dame está viva. E recomendável.

Kentucky, 0 – Florida Gators, 38

4ª vitória da temporada para os Gators, actualmente em 14º lugar no ranking nacional. Três intercepções e o primeiro shutout (adversário sem marcar) desde 2001. O esmagamento de Kentucky, previsível devido à lesão do seu quarterback titular (Maxwell Smith, líder nacional na média de jardas, com 322/jogo), apimenta ainda mais o jogo aguardado com enorme expectativa, a realizar daqui a suas semanas, contra LSU. Na história da partida, os destaques vão para Jeff Driskell, o quarterback de Florida, com 3 touchdowns no pecúlio. Dois deles corridos (8 corridas e 35 jardas) e o outro conseguido no passe (18/27, 203 jardas)

UAB, 15 – Ohio State, 29

Ohio State

A equipa de Ohio State
Fonte da Imagem: Getty Images

Continua a recuperação do estatuto de Ohio, vergada ainda ao peso das sanções no pós-escândalo da era Jim Tressell. Com Urban Meyer aos comandos, Ohio leva quatro vitórias, mas começou novamente mal, tal como na semana passada, cedendo um touchdown no special team (punt bloqueado). A figura do encontro foi novamente o quarterback de Ohio, Braxton Miller, com 4 touchdowns. Dois corridos, faceta onde ele demonstra enorme dinamismo (11 corridas, 64 jardas e os referidos 2 touchdowns), e mais dois no passe, que Meyer procura incrementar, num atleta com enorme potencial mas ainda algo “cru” no requerido para ser um QB mais preciso. 12/20 em passes, meras 143 jardas e 2 passes certeiros. Destaques para o running back Jordan Hall, com 105 jardas corridas e para Doran Grant, um cornerback que começa a gerar algum burburinho em seu redor.

Maryland, 21 – West Virginia, 31

Embate interessante, entre uma equipa da ACC (Maryland) e outra da Big-12. Os jogos de West Virginia, conhecidos pelos Mountainners, costumam ser partidas trepidantes no ataque, onde pontifica uma das figuras consensuais no campeonato. Geno Smith, o quarterback que se encontra no seu ano sénior, será uma das figuras do draft de 2013. Excelente no pocket, é um dos mais precisos na posição, dilacerando defesas com os seus passes. Ele foi implacável neste encontro, com 338 jardas e 3 passes para touchdown, todos recebidos por outro sénior, Tavon Austin. O wide receiver (5-9 de altura e 174 lbs de peso) teve um jogo fantástico, com 13 recepções, 179 jardas e as três recepções na end zone, curiosamente conseguidos contra a universidade da sua terra natal. Destaques ainda para Doug Rigg, com um retorno de 51 jardas para touchdown. Maryland, com uma equipa bastante nova, tem matéria-prima suficiente para voltar a liderar a sua conferência. Perry Hills, o quarterback da equipa (freshman), conseguiu um belo jogo, com 305 jardas passadas e 3 touchdowns. Stefon Diggs (outro freshman) foi o principal beneficiado do acerto de Hills, com dois touchdowns. Com apenas 3 recepções conquistou 113 jardas, numa partida onde mostrou alguns flashes de talento. West Virginia, actualmente no nº 8 do ranking, terá que rever os processos defensivos e o jogo corrido (Shawne Alston esteve lesionado) se quiser ter uma palavra a dizer numa potencial aspiração ao título.

Oregon State, 27 @ UCLA, 20

Um balde de água gelada no entusiasmo dos fãs californianos. O excelente início de UCLA deu azo a sonhos, esfumados numa tarde cinzenta das suas principais estrelas. UCLA, finalmente no top-25 antes desta partida (no lugar 19), nunca lidou bem com o favoritismo, esbarrando na sólida defesa dos Beavers. Se Brett Hundley, o empolgante quarterback freshman, conseguiu lidar com as expectativas, mesmo numa tarde de menor acerto no passe (27/42, 372 jardas e 1 TD), Johnathan Franklin, um dos mais afamados running backs do País, esteve uns furos abaixo do expectável. A glória do encontro vai para Markus Wheaton, wide receiver de Oregon, com 150 jardas recebidas e 1 touchdown. Mike Riley, o head coach dos Beavers, iguala o recorde da universidade, obtendo a sua 74ª vitória, neste seu 12º ano à frente dos destinos da equipa.

Outros destaques

Logan Thomas, quarterback de Virginia Tech, uma dupla ameaça, capaz de concretizar com os seus passes ou resolver na corrida. Boa exibição contra Bowling Green (65 jardas corridas, 144 passadas, 3 touchdowns e 1 intercepção).

Jared Abbrederis, wide receiver de Winconsin, assume-se cada vez mais como um nome incontornável no jogo aéreo. Tem sido a principal referência da equipa, com os problema físicos de Montee Ball a manterem-no afastado da ribalta. Esta semana colecionou mais 147 jardas, conseguidas em 6 recepções, marcando um touchdown.

Ole Miss teve um daqueles gestos simbólicos que, no entanto, possuem grande significado, mantendo o desporto como uma prática sadia e imune, mesmo num meio altamente competitivo. No embate contra Tulane, usaram nos capacetes um adesivo negro, homenageando o safety Devon Walker, gravemente lesionado no jogo contra Tulsa. O jogador, ainda hospitalizado, corre o sério risco de ficar tetraplégico.

Tevin Reese Baylor

Tevin Reese, Wide Receiver de Baylor
Fonte da Imagem: Jerry Larson/Waco Tribune-Herald, AP

Tevin Reese, wide receiver de Baylor, em nova noite mágica. 8 recepções, 145 jardas e 2 touchdowns. Existe vida na universidade, após a saída de Robert Griffin III. Venric Mark, running back de Northwestern. Não cesso de me encantar com o júnio da antiga universidade de Dan Persa e Mike Kafka. Contra South Dakota, naquele que foi o adversário mais acessível nesta temporada, Mark voltou a deslumbrar. 16 corridas, 117 jardas e 3 touchdowns. Um jogador a manter obrigatoriamente debaixo de olho.

Todd Gurley, de Georgia. O freshman é apenas um exemplo da precocidade dos jogadores talentosos, capazes de produzirem de imediato num meio extremamente competitivo. Contra Vanderbilt, mais um jogo espantoso, com 130 jardas corridas e 2 touchdowns, obtendo uma média de 8,1 em cada corrida. 6 touchdowns na época e o 3º jogo (em 4) acima das 100 jardas. Os Bulldogs devem uma quota parte do seu excelente momento a esta miúdo.

Aaron Murray, quarterback de Georgia. O ataque dos Bulldogs não depende apenas do jogo corrido. O quarterback tem demonstrado enorme maturidade, conseguindo novo jogo positivo contra o rival da SEC. Apenas 6 passes falhados (18/24), 250 jardas e dois passes para touchdown.

Jogada da semana

Prolongamento no electrizante Miami Hurricanes vs Georgia Tech. A perder por 36-19, o outrora famoso programa escolar tem uma recuperação que roça o épico, empatando a contenda a 36 e conseguindo levar a decisão para o prolongamento. E aí Mike James decide, numa corrida de 25 jardas, dando o suado triunfo aos Hurricanes.

A estrela da semana

La’Veon Bell Michigan State

La’Veon Bell, Running Back de Michigan State
Fonte da Imagem: Gregory Shamus/Getty Images

La’Veon Bell, running back de Michigan State. O júnior dos Spartans conseguiu o máximo da sua carreira, amealhando contra Eastern Michigan 253 jardas. Provando a actual dependência da equipa no jogo de Bell, está o número de vezes que a bolha lhe foi endossada. O running back correu 39 vezes durante o jogo, conseguindo um touchdown, mantendo viva a esperança dos Spartans atingirem uma das Bowls principais. Para a semana a equipa tem un confronto interessante, defrontando Ohio State, num dos duelos mais aguardados na Big-10.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.