No Huddle: NFL 2016 Week 3

João Malha 27 de Setembro de 2016 Análise Jogos NFL, NFL Comments

No Huddle: NFL 2016 Week 3

Estamos de volta com a rubrica No Huddle, uma análise rápida a cada semana da NFL 2016. E o formato será ainda mais sintético que há um ano, como um drone que sobrevoa os campos da NFL e dá conta do que mais relevante ali aconteceu.

E comecemos pelo início, como mandam as regras. Os Patriots cilindraram os Texans no TNF por 27-0, mesmo sem Brady e Garappolo. A máquina de Bill Belichik está tão bem oleada que nem precisa de um QB para engrenar. É preciso tirar o chapéu (ou o capuz nesta caso) ao treinador dosPats, provavelmente o melhor de sempre da NFL!

Uma das grandes surpresas deste domingo foi a vitória dos Vikings em Carolina por 22-10. Depois de baterem os Packers de Rodgers, anularam Cam Newton com oito, leu bem, oito sacks um deles resultou em safety. Uma equipa que perdeu o seu QB titular e agora a sua principal arma ofensiva, Adrien Peterson, parece mostrar, à imagem do que os Broncos fizeram no ano passado, que uma grande defesa é suficiente para sonhar alto!

E por falar em Rodgers, a equipa de Green Bay voltou às vitórias, batendo os Lions por 34-27. A primeira parte teve sentido único com Rodgers a ligar-se na perfeição com Jordy Nelson. Mas o filme mudou na segunda metade e por pouco os cheeseheads não reviveram o pesadelo da semana passada com os Vikings. O jogo ofensivo eclipsou-se graças a um grande conservadorismo e a defesa fez jus ao facto de ser a equipa do queijo… mas neste caso tinha mais buracos que o queijo suíço! Os Lions reduziram a pó a defesa dos Packers com destaque para Marvin Jones, cuja facilidade para aparecer sozinho foi tal que mais parecia que os adversários se tinham esquecido dele…

No jogo que elegemos como a partida da semana, no artigo de lançamento da Week 3, os Broncos foram a Cincinnati manter-se invictos com vitória por 29-17. Pela primeira vez, o inexperiente QB Trevor Siemian foi obrigado a passar a bola com maior regularidade e risco dado que o running game dos Broncos foi bem controlado pelos Bengals. E a resposta foi melhor do que alguns esperavam com bombas para Sanders e Thomas que permitiram mais uma vitória aos campeões em título. Mas a chave voltou a ser a defesa que voltou a não permitir um passer rating ao QB adversário nem próximo dos 100. Nos últimos cinco jogos, desde os playoffs de 2015, que ninguém consegue mais do que 70 de passer rating contra a defesa dos Broncos!!

Em Miami, num jogo entre duas das piores equipas da NFL, Dolphins e Browns, a Lei de Murphy foi a estrela da partida. Quando algo podia correr mal a um dos lados, inevitavelmente corria. Os Dolphins lideraram mas acabaram de forma penosa, permitindo que o saco de pancada desta Liga, os Browns voltassem ao jogo, mesmo apesar da falta de pontaria do kicker Cody Parker, assegurado a meio da semana via free agency. O ex-kicker dos Eagles falhou três Field Goals, com destaque para aquele que daria a vitória no último segundo e que permitiu que o jogo terminasse em Overtime com vitória da equipa de Miami por 30-24. Os erros e falhas acumularam-se de parte-a-parte e o único destaque é mesmo Terrelle Pryor, dos Browns, o ex-QB, agora transformado em receiver, mas que em alguns momentos do jogo foi QB novamente, e que liderou em jardas recebidas e ainda lhe somou 35 jardas em passe e 21 em corrida. Um verdadeiro one man show de uma equipa que já vai no terceiro QB pois os dois principais estão no estaleiro… tudo acontece a estes Browns…

Num jogo de grande rivalidade, os Redskins foram ao Metlife Stadium bater os Giants por 29-27. Um jogo decidido no pormenor onde uma interceção na última drive ofensiva dos Giants impediu a equipa da Big Apple de voltar a vencer nos segundos finais pela terceira vez consecutiva em outros tantos jogos. O maior ponto de interesse foi a luta entre Odell Beckham Jr. e Josh Norman. O receiver mais famoso da NFL levou quase sempre a melhor sobre o cornerback, mas no fim que sorriu foi mesmo Norman com a vitória da equipa da capital. Os nervos de Beckham ao longo do jogo foram mais do que muitos, discutindo com tudo e todos na linha lateral, até com a baliza de treino do kicker, que também lhe levou a melhor, respondendo ao soco de frustração de Beckham com um upercut no pescoço do jovem oriundo do Louisiana.

Outro dos jogos grandes da Week 3 opunha os Steelers aos Eagles, na cidade da fundação dos EUA. Frente-a-frente, um dos melhores QB da NFL, Big Ben Rothlisberger, e o rookie que desperta já algumas paixões, Carson Wentz. E foi mesmo o jovem QB a levar a melhor e de forma arrasadora, por 34-3. Wentz esteve perfeito, continuando sem uma única interceção até ao momento, e liderou uma equipa onde a defesa parece pronta para conduzir os Eagles para novos voos. Basicamente, a defesa dos Eagles reduziu a pó aquele que para muitos é o melhor ataque da NFL. Nem pelo ar, nem pelo chão, Big Ben não conseguiu fazer absolutamente nada em Philadelphia.

No clássico da NFC West, os Seahawks levaram a melhor sobre os rivais 49ers, sem surpresa, por 37-18, mesmo com Russell Wilson afastado quase metade do jogo por lesão. O destaque foi o backup RB dos homens de Seattle, Christine Michael, que mostrou estar à altura para suprir a ausência de Thomas Rawls cuja lesão o irá obrigar a continuar de fora durante mais umas semanas. De resto, pouco história e uma vitória clara e esperada da equipa da casa.

Já nos Kansas, os Chiefs devem ter batido o recorde mundial de interceções conseguidas num só jogo. Ryan Fitzpatrick deve sonhar ser QB dos Chiefs e começou a mostrar que ninguém melhor do que ele para conseguir passes para os jogadores de Kansas City! Foram 6! Repito 6 interceções num só jogo, para além de dois fumbles perdidos para os Chiefs. Os Jets acabaram por perder por 24-3, o que tendo em conta o desastre relatado, nem foi muito mau. Contra um ataque muito forte e ousado, que os Chiefs não são, os números seriam mais do dobro certamente.

Quem se estreou a ganhar em 2016 foram os Colts, por 26-22, em casa, sobre os Chargers. Andrew Luck voltou ao seu melhor nível e isso permitiu ao ressurgimento de T.Y. Hilton que conseguiu o seu melhor jogo desde há dois anos. A equipa de San Diego vendeu cara a derrota mas as baixas em jogadores-chave têm sido tantas que é difícil almejar a uma época de sucesso.

O jogo com mais pontos teve lugar em Tampa Bay, com os Rams a levar a melhor sobre os Bucs por 37-32, num jogo que foi interrompido a dois minutos do fim devido a uma tempestade elétrica. Do ponto de vista do espetáculo, foi um grande jogo, com muitos pontos, mas os treinadores não devem ter saído muito satisfeitos pois os erros de parte-a-parte foram muitos.

A maior surpresa da Week 3 foi mesmo a derrota expressiva dos Cardinals em Buffalo. Os Bills levaram a melhor por 33-18, levantando muitas dúvidas sobre aquela que era considerada por muitos especialistas como a equipa favorita da NFL 2016. Ao intervalo os Cardinals tinham 2 jardas em termos ofensivos! E terminaram com quatro interceções de Carson Palmer e apenas 261 jardas de passe!

Numa partida onde estavam frente-a-frente dois dos mais jovens promissores QB da NFL, Derek Carr e Marcus Mariota, seria o primeiro a levar a melhor com os seus Raiders a vencerem por 17-10 em Nashville frente aos Titans. Nem o facto de DeMarco Murray ter conseguido superar as 100 jardas de corrida, algo que a equipa de Tennessee não conseguia desde 2013, valeu de consolo.

Imbatíveis estão os Ravens, que foram a Jacksonville vencer por 19-17, num jogo decidido no pormenor e cuja vitória podia ter caído para qualquer dos lados. Blake Bortles tem desiludido esta época e são muitas as dúvidas que se levantam sobre os Jaguars, que após melhorias nos últimos anos, estão na cauda da Liga só com derrotas.

A fechar o domingo de NFL, os Cowboys levaram a melhor sobre os Bears, em Dallas, por 31-17. Os homens de Chicago continuam a não convencer ninguém, mesmo que o pass rush dos Cowboys seja inexistente. Porém, os rookies Dak Prescott e Ezekiel Elliott deram conta do recado ofensivamente e permitiram uma vitória tranquila dos texanos.

A Week 3 terminou com o inevitável MNF, onde um jogo entre rivais da NFC South terminou com a vitória dos Falcons em New Orleans, sobre os Saints, por 45-32. Nada de surpreendente. Os Falcons lideram em termos ofensivos a Liga, enquanto os Saints lideram em termos de passe. Por isso, um resultado tão chorudo de pontos. E onde estiveram também as duas piores defesas da NFL. Foi uma espiral de jogo ofensivo, TD e falta de rigor defensivo. Os Falcons foram justos vencedores pois conseguiram dois turnovers, contra nenhum dos Saints. E isso, tendo em conta as realidades das franquias, foi decisivo.

About The Author

João Malha

Profissional da área de comunicação e marketing, e sempre ligado ao desporto, sempre me fascinou o conceito de showbiz dos norte-americanos no que toca à promoção de qualquer espectáculo desportivo. Quando em 2003, a SportTv transmitiu pela primeira vez o Super Bowl, com estrondosa vitória dos Buccaneers de John Gruden sobre os Raiders, a curiosidade cresceu e ano após anos comecei a seguir as transmissões do maior evento desportivo mundial. Mas como em tudo na vida (pelo menos na minha forma de estar), é preciso um motivo mais forte para nos agarrarmos às coisas. Uma paixão que nos alimenta. E foi isso que aconteceu em 2010, aquando da final de Miami, ganha pelos Saints frente aos Colts do lendário Peyton Manning. Nesse dia senti finalmente que aquela era a minha equipa! E o aparecimento da ESPN America ajudou a não mais largar este desporto espectacular, que sigo semanalmente. Na Week 1 da temporada 2012/2013, cumpri o sonho de ir ver um jogo dos Saints ao vivo, ao Mercedes-Benz Superdome. Não vi os Saints vencerem, mas quem sabe se não terei a oportunidade de dizer que assisti ao primeiro jogo na NFL de um dos maiores QB’s da sua história, Robert Griffin III. Ver os Saints ao vivo foi uma experiência única que me faz olhar para o desporto com outros olhos. Quero saber mais e mais sobre o jogo, a sua história, lendas, regras, tácticas, etc. Let’s play ball!!!!