Cleveland Browns: Quem Será o Quarterback?

Paulo Pereira 15 de Julho de 2013 Equipas NFL Comments

Cleveland Browns: Quem Será o Quarterback?

A NFL tem esta magia, que me parece única no universo dos desportos colectivos. O sistema implementado, com o tecto salarial, a free agency e o draft dotam a competição dum sistema que, teoricamente, mantém um equilíbrio permanente entre as equipas, evitando hegemonias que façam perigar a competitividade da própria prova. Um sistema que, muitas vezes, se auto-regula, impedindo a criação de dream teams, com as franquias a terem que fazer opções, com repercussões futuras. Vem isto a propósito da situação dos Cleveland Browns que, com apenas uma offseason, novo general manager e head coach, aumentaram os níveis anímicos, como se uma nova lufada de esperança tivesse varrido a franquia. Podem eles estar, mais depressa e inesperadamente, na luta pela divisão, ameaçando Ravens, Steelers e Bengals?

Parece difícil, face à real valia dos contendores divisionais, mas as contratações fazem aumentar a expectativa. A defesa, reforçada, terá ainda um novo coordenador defensivo, o guru Ray Orton que conseguiu, na passagem pelos Cardinals, moldar a têmpera da juventude, transformando-a numa unidade com regulares demonstrações de classe. Existe, no entanto, uma posição que tem um virtual ponto de interrogação à sua frente. Curiosamente, a posição mais importante. Quarterback.  Quem são os candidatos à titularidade?

Brandon Weeden

Brandon Weeden

Brandon Weeden

Existe uma lista de veteranos, já com imensas batalhas acumuladas e enorme capital de experiencia, que são mais novos do que Weeden, que entrará agora apenas na sua segunda temporada. Aaron Rodgers, Alex Smith Matt Ryan, Joe Flacco e Matthew Stafford são exemplos demonstrativos da entrada tardia de Weeden na NFL, uma pecha frequentemente apontada pelos detractores do ex-QB de Oklahoma State. Weeden fará 30 anos em Outubro e a janela de oportunidade é bem diminuta, se quiser proclamar-se como o franchise quarterback que a franquia desesperadamente procura. Weeden pode beneficiar bastante das alterações no corpo técnico, com a chegada do head coach Rob Chudzinski e do coordenador ofensivo Norv Turner. O vertical-passing attack que Chudzinski tanto gosta parece encaixar nas habilidades de Weeden. Chudzinski usou isso com Cameron Newton e, antes, nestes mesmos Browns com Derek Anderson. Brandon Weeden teve a sua dose das habituais dores de crescimento, associadas a um rookie numa posição tão exigente. 17 intercepções e apenas 14 touchdowns dão bem a ideia das dificuldades sentidas pelo ataque dos Browns. Em sua defesa, o mediano corpo de receivers, que nunca constituiu uma mais-valia, e o número de jardas lançadas, superior aos outros rookies colegas de posição. Os seus melhores e mais empolgantes momentos aconteceram, precisamente, explorando os passes longos, para o fundo de campo, para Josh Gordon ou Greg Little.

Weeden ainda tem que limar algumas arestas no seu jogo. Sofreu demasiados sacks (28), resultantes da demora na escolha do alvo. A sua percentagem de acerto é igualmente elucidativa na forma como ele reage, perante a pressão. A referida percentagem desde de 62.3 para 41.8, quando o pocket colapsa e enfrenta o pass rush adversário. 2013 será um ano crucial na sua carreira, mas parece-me ser o mais bem apetrechado na depth chart.

Jason Campbell

Jason Campbell

Jason Campbell

Dá uma goleada, usando uma expressão de soccer, a Weeden, no quesito experiência. Setenta e um jogos como titular colocam-no num patamar onde pode perfeitamente reivindicar a posição, como sua. Mas, no reverso, apenas 7 dessas participações aconteceram nos dois últimos anos, o que dá conta da real dimensão de Campbell, como putativo titular. Não é um jogador empolgante, entrando antes no capítulo confiável. É isso que ele é. Um jogador que, quando não existir nenhuma alternativa, pode liderar o ataque. Sem grande brilho, mas com alguma competência associada. Campbell esteve nos Redskins, terminando a temporada de 2008 com um recorde de 8-8. Conseguiu desempenho quase similar, nos Raiders, com um 7-5 em 2010, que servem de provas para o acima descrito. Porque, de resto, é um jogador com as mesmas características técnicas de Weeden, quando se fala de mobilidade no pocket e atleticismo fora dele. Ambos são lentos a verem-se livres da bola e o throwing motion é vagaroso. Sofreu 153 sacks na sua carreira, 43 deles em 2009 em Washington e 6, no ano passado, quando foi literalmente atirado aos lobos nos Bears, num jogo contra os 49ers.
Poderá, no training camp, legitimar a opinião de todos que acham que ele tem potencial para ser o starter. Será aí que a experiência acumulada funcionará como elemento diferenciador. Enquanto Weeden lutará com as normais dificuldades para aprender os esquemas tácticos complexos do mundo profissional, Campbell estará confortável, sendo o principal beneficiário se as dificuldades do rival forem prejudiciais ao crescimento da equipa.

Brian Hoyer

Brian Hoyer

Brian Hoyer

Quinto ano na liga, terceira equipa para o recém-contratado. Hoyer viveu, no início da carreira, escondido no roster dos Patriots, vendo a excelência de Tom Brady de perto e bebendo de alguns dos ensinamentos aí ministrados. A pergunta que se impõe, nesta fase, é o quanto sabemos nós de Hoyer? A resposta pode ser resumida a uma mera palavra. Nada. Para além das triviais aparições nos jogos da preseason, Hoyer é um atleta com tudo para provar. Se for dotado de inteligência mediana, tirou proveito da permanência num roster como o dos Patriots, nem que seja na aproximação mental a um jogo, com todas as envolvências. Hoyer, depois disso, conseguiu um lugar nos Cardinals, no ano passado, quando o caos na posição levou Whisehunt a tentar todas as soluções possíveis para o lugar. Hoyer capitalizou parcialmente essa confiança, com um jogo bem conseguido contra os fortíssimos 49ers. Terminou a contenda com 19 em 34, 225 jardas, 1 TD e 1 INT. Mas, fora isso, mais nada…
Hoyer não tem o big arm associado a Weeden, tendo construído uma reputação de game manager nos seus tempos na universidade de Michigan State, onde tinha como principal característica a rapidez na tomada de decisões. Isso poderá fazer dele uma arma utilizável? Sinceramente, partindo do pressuposto que a dupla Chudzinski/Norv Turner utilizará o jogo de passe vertical, explorando os lançamentos de média-longa distância, Hoyer parece descartado como solução. Se, no entanto, o objectivo final for uma aproximação menos radical e exposta, avessa ao risco, Hoyer então é o candidato ideal, pela facilidade de decisão e por colocar a bola, sem riscos associados, nas mãos dos playmakers da equipa.

Thaddeus Lewis

Thaddeus Lewis

Thaddeus Lewis

A baixa colateral, com guia de marcha para outras paragens. Não permanecerá na memória dos adeptos dos Browns. Óptimo atleta, se levarmos em conta apenas a questão física, provou mesmo assim que pode liderar um ataque, quando jogou contra os Steelers no Heinz Field, terminando esse jogo com 69% de acerto nos passes. Pese isso, é um prospect cru, pouco polido, com um braço fraco para os padrões da NFL.

About The Author

Paulo Pereira

O meu epitáfio, um dia mais tarde, poderá dizer: “aqui jaz Paulo Pereira, junkie em futebol americano”. A realidade é mesmo essa. Sou viciado. Renascido em 2008, quando por mero acaso apanhei o Super Bowl dos Steelers/Cardinals, fiz um reset em [quase] todos os meus dogmas. Aquele desporto estranho, jogado de capacete, entranhou-se no meu ADN, assumindo-se como parte integrante da minha personalidade. Adepto dos Vikings por gostar, simplesmente, de jogadores que desafiam os limites. Brett Favre entra nessa categoria: A de MITO.