Road To The Super Bowl XLVIII: Seattle Seahawks

João Morão 29 de Janeiro de 2014 NFL, Superbowl Comments
Seattle Seahawks

Road To The Super Bowl XLVIII: Seattle Seahawks

“A palavra axioma deriva da grega axios, cujo significado é digno ou válido. Axiomas são verdades inquestionáveis universalmente válidas, muitas vezes utilizadas como princípios na construção de uma teoria ou como base para uma argumentação.”

Depois da descrição de dicionário, vem a pergunta: Sabem qual é o maior e mais antigo axioma da NFL?

É o seguinte: Os ataques ganham jogos e as defesas ganham campeonatos.

Bem, se o axioma for verdadeiro o assunto está arrumado. Os Seahawks que têm em todos os indicadores mais importantes a melhor defesa da NFL são já virtualmente campeões.

Mas vamos sair do mundo teórico e baixar à realidade.

Do lado dos Denver Broncos não está apenas um bom ataque, mas um dos melhores ataques de sempre da NFL. Neste contexto o tema ganha uma multidimensionalidade que um simples axioma não explica.

Mais ainda se olharmos para a complexidade da equipa visitante. Cremos mesmo que se os Seahawks forem campeões não será pela lógica do axioma aplicado na sua curta história, mas sim pelo forte desejo de vitória. Será por emoção e vontade e não por matemática.

Quem São Estes Seahawks?

Mas quem são afinal estes Seahawks que aqui chegaram e o que são capazes de fazer neste Super Bowl XLVIII?

Não sendo os favoritos, para um leigo, é estranho perceber que esta é a zona de conforto da equipa de Seattle.

Mas vamos as suas raízes.

É uma equipa nova e sem o peso da história na NFL. Ocupam Noroeste do continente longe de todos e sentem-se frequentemente inferiorizados e desrespeitados por toda a restante comunidade do jogo. São sempre underdogs, pensam e agem como tal. O mundo está contra eles e chegou altura de provar ao mundo quem eles são.

Estar contra tudo e contra todos é a zona de conforto dos Seahawks.

Há uns anos atrás com a chegada e Pete Carroll e John Schneider à equipa a filosofia do franchise começou a mudar. Mais baseados numa lógica universitária que profissional, começaram a renovar a equipa na defesa.

Essencialmente com base no draft fizeram um trabalho excepcional ao criar a Legion of Boom, nome pela qual é conhecida a secundária dos Seahawks. Earl Thomas, Kam Chancellor, e o desbocado Richard Sherman são a sua base. No front seven linebackers como Robert Wagner e KJ Wright são incontornáveis.

Mas se a defesa é boa o verdadeiro milagre da equipa deu-se no ataque.

A imagem da equipa é o Running Back Marshawn Lynch. Um problemático jogador que veio de Buffalo, que acalmou em Seattle e com as suas portentosas exibições tem marcado o estilo da equipa nos últimos anos.

Mais marcante ainda foi aparição quase divida de Russell Wilson um Quarterback apanhado na quarta ronda do Draft que trouxe novas opções ofensivas para a equipa e uma muito superior capacidade de gestão do jogo.

Percebendo as preciosidades que tinham na mão Pete Carroll e John Scheneider atacaram a Free Agency com intenção de chegar ao Super Bowl. Do lado defensivo reforçaram o Pass Rushing com Clif Avril e Michael Bennett.

Do lado ofensivo foram buscar Percy Harvin, que depois de perseguido por lesões e de mais uma temporada falhada tem a oportunidade de redenção no mais importante jogo da competição.

Curiosamente será Percy Harvin uma das peças mais importantes no xadrez dos Seahawks e no modo como vão jogar.

Russell Wilson terá a opção de deixar o trabalho duro nos ombros de Marshawn Lynch que vai desgastar uma reforçada front line dos Broncos, enquanto Percy Harvin a slot receiver vai tentar abrir brechas entre as linhas de Denver.

Marshawn Lynch

Marshawn Lynch
Foto de AP

Com esta diversidade de ameaças e implicações de cobertura para Denver o Quarter Back de Seattle terá ainda adicionalmente opção de em read options ganhar terreno pelo seu próprio pé ou em passe longo explorar coberturas individuais sobre Doug Baldwin e Golden Tate.

Do lado da defesa, e apesar da brutal ameaça que representa Peyton Manning e o seu dream team de receivers. Cremos que Seattle vai jogar da única maneira que sabe. Defesa zona que prima por equilíbrios individuais. Muito na cara da equipa de Denver e no limite da brutalidade física.

Mesmo assim e face às armas da equipa dos Broncos só acreditamos que a defesa dos Seahawks consiga levar a melhor se os seus pass rushers chegarem a Peyton Manning e se aguentar a enorme vaga ofensiva inicial que Denver vai lançar sobre Seattle.

Se Peyton Manning joga o seu legado neste seu último Super Bowl, os Seahawks podem jogar o seu futuro. Uma vitória de uma equipa tão nova e poderosa pode dar lugar a uma dinastia. Uma derrota pode trazer desanimo discórdia e cicatrizes insanáveis.

Voltando ao início, o facto que temos como adquirido é que o axioma de que as defesas ganham campeonatos vai ser testado.

Curiosamente e a contra corrente vigente nos comentários que antecedem o Super Bowl acreditamos que provar que o axioma pode estar errado não tem como resultado dar obrigatoriamente a vitória aos Broncos.

E se o jogo for ganho pelo ataque dos Seahawks e não pela defesa? Neste caso o axioma também se prova errado.

Em face de todo o cenário montado e centrado no ataque dos Broncos e na defesa dos Seahawks, este último cenário, no mínimo, seria irónico.

Quadro de Resultados

 

Quadro de Resultados dos Seattle Seahawks

Quadro de Resultados dos Seattle Seahawks

Vista a época dos Seahawks ao contrário do que o score apresenta o caminho na regular season foi difícil. A jogar na NFC West com os 49ers e Cardinals como adversários, o feito de conseguirem um score de 13 W 3 L ganha mais relevância. Não admira que 2 das 3 derrotas sofridas tenham sido contra estas difíceis equipas. Outro factor comparativo que joga contra os Seahawks é que, ao contrário dos Broncos, nem sempre foram dominantes e nem sempre jogaram bem.

A curiosidade estatística é que na regular season Seattle marca uma média de 26 pts por jogo que praticamente mantem com 23 pts por jogo nos Playoffs. Já no desempenho defensivo a média de 14,4 pts sofridos por jogo na regular season é também praticamente mantida com 16 pts sofridos por jogo nos Playoffs. A regularidade desta equipa acaba por ser a sua imagem de marca na época de 2013.

Finalmente curioso é que verificar que a média de pontos marcados e sofridos nos play-offs é praticamente idêntica à dos Denver Broncos. Quanto a nós estes dados são prenúncio de um grande Super Bowl.

Dados e Curiosidades sobre os Seattle Seahawks:

  1. Está entre as equipas mais novas da liga.
  2. Ninguém na equipa tem a experiência passada de ter participado num Super Bowl
  3. Foi a primeira equipa, na week 13 a assegurar a presença nos Playoffs
  4. Igualmente na week 13, com 11W 1 L. O Franchise atinge o seu melhor registo de sempre
  5. Wilson é o Quarter Back Rookie com mais vitórias em duas épocas. 24 Wins
  6. Marshan Lynch vai na terceira temporada consecutiva acima das 1.000 jardas
  7. O ambiente terrível do 12th man no Century Link Field ajudou a equipa a conseguir 14 vitórias seguias em casa
  8. Seleccionaram 6 jogadores para o Pro Bowl de 2013. 3 Defesas e 3 Atacantes
  9. Paul Allen (Presidente do Clube) e Bill Gates, fundadores da Microsoft são adeptos incondicionais
  10. Em 38 anos de existência, pela primeira vez têm duas épocas com wins nos dois dígitos

 

About The Author

João Morão

As causas são múltiplas: Primeiro em 1998 colocado pela minha empresa na Alemanha, passei alguns fins-de-semana a jogar flag futebol numa base militar americana maioritariamente com a boa gente de Seattle. Desta altura vem o gosto. Depois em 2005 em Jackson Hole (Wyoming) assisti em directo à transmissão do Super Bowl XL dos meus Seahawks contra os Steelers. Foi um jogo de má memória e de pior arbitragem que me deixou um amargo permitido apenas pela perda de algo de que gostamos muito. Desta altura vem a militância. Finalmente: A desilusão e desgaste causado pelas assimetrias, manobras, golpadas e falta de fair-play do soccer, viraram-me definitivamente para um desporto mais justo, mais sério, mais competitivo, mais brutal (é certo), mas de maior entrega e de incomparavelmente maior emoção: O Futebol Americano. Nas horas “vagas” sou pai de 4 filhos (Um deles é dos Giants vai-se lá saber porquê!?).