Preseason Week 1: Heróis e Vilões
A week 1 da preseason está já nos livros, mas deixou histórias para contar. Muitas e saborosas, em narrativas repletas de heróis e vilões, forjados dentro de campo.
Heróis
Tyrod Taylor
É quase consensual que os Bills estão a um quarterback de distância de se tornarem contenders, não só na divisão, mas na própria conferência. Uma equipa repleta de talento, na unidade defensiva, usando a free agency para criar a mesma qualidade do outro lado da bola. O senão? O referido QB. Mas, numa competição aberta, sem vencedor declarado, o melhor que podia pedir Rex Ryan é que os seus pupilos jogassem de forma a tirar-lhe as dúvidas. Contra os Panthers, todos eles optaram por não desistir do sonho da titularidade. Matt Cassell, Tyrod Taylor e EJ Manuel mostraram flashes de talento, com exibições meritórias, adensando ainda mais o drama para os jogos futuros. Poderão os Bills até ter um QB decente, este ano? A minha aposta para a titularidade vai para Tyrod Taylor. Gosto de quarterbacks dual-threats, competentes no passe e capazes de, com os pés, gizarem perigo constante. Quem sabe não estará aqui a chave para a felicidade da franquia de Buffalo, sem acesso aos playoffs há 15 anos?
Michael Oher
O offensive tackle tem vindo paulatinamente a escorregar na sua qualidade exibicional. O jogador, cuja fama surgiu precocemente, mercê do filme em que era retratada a sua história, protagonizado por Sandra Bullock, uma das namoradinhas da América, tem sido inconsistente. E dizer isto é um eufemismo. Não se augurava nada de bom, para ele e para a OL dos Panthers, já de si deficitária e obrigada a confiar nos seus “talentos”. Mais do que uma aposta de risco, parecia a derradeira e desesperada tentativa da franquia de Carolina para endireitar a sua necessitada unidade. Uma espécie de “mete-se este a jogar e logo se vê”, misturado com muitas orações. Ainda é precoce dizer que Oher será um caso de sucesso. Afinal, é preseason. Mas Oher enfrentou um duro teste, contra o temível pass rush dos Bills. E enfrentar Mario Williams e Jerry Hughes, sem cometer erros de palmatória, só pode ser gratificante para quem tenta ressuscitar a carreira.
Nordly Capi
Conhecem? Eu cá não. Pelo menos, até ao jogo dos Jaguars contra os Steelers. Já se sabe que os training camps são o pasto predilecto para o aparecimento de undrafted rookies, sequiosos de mostrarem os seus talentos, sôfregos por conseguirem ascender na sempre difícil escada rumo ao topo e à segurança de um lugar no roster definitivo. Capi, defensive end de Akron, começou a trilhar o longo e árduo caminho de um atleta profissional que não é escolhido no draft. Sem o pedigree de ser duma grande universidade, sem o hype que a imprensa sempre cria em redor de alguns prospects, resta-lhe esperar pela oportunidade. E, quando ela surgir, agarrá-la com unhas e dentes. Capi conseguiu isso. 2 sacks, 3 QBs hits e constante pressão aplicada à OL dos Steelers, qual demónio à solta. A sua fantástica exibição ainda não lhe valeu nada. Talvez um respeito maior, por parte do staff técnico, mas ainda existe uma comprida estrada à sua frente. Se mantiver o nível, no entanto, vai ser difícil negar-lhe a continuação do sonho.
Vilões
As Lesões
Já se sabe que a dureza do futebol americano provoca isto. Mas não deixa de ser angustiante ver a quantidade de lesões que vão delapidando os clubes. Em apenas uma jornada, várias franquias ficaram a carpir as suas baixas. Os Vikings lamentam a perda de Phil Loadholt, o seu right tackle e um dos garantes da solidez da OL. O torn ACL coloca o jogador fora da época, penalizando igualmente a sua expectativa futura de carreira. Com duas lesões graves em dois anos consecutivos, com 7.65 milhões a serem auferidos em 2016, irão os Vikings manter o jogador, ou libertar-se de um contrato pesado?
Os Redskins sentiram o mesmo dos Vikings…mas em dobro. Niles Paul, profissional de 4 anos, tinha finalmente alcançado o sonho de ser o primeiro na depth chart. Mas o infortúnio bateu à porta do tight end, com uma anca grotescamente torcida no jogo 1. O entusiasmo do jogador durou pouco. Resta-lhe agora apostar na reabilitação e esperar que a oportunidade esteja ainda presente, em 2016. Silas Redd, que lutava por tempo de jogo na repleta unidade de running backs do clube da capital, sofreu um revés violento, com um torn MCL e ACL. Três exemplo apenas que nos mostram o outro lado do jogo. Bem mais negro e cheio de cicatrizes.
Geno Smith
Poderá ser mais vítima do que réu, mas não deixa de ser elucidativo que apenas Brandon Marshall tenha levantado publicamente a voz para defender o quarterback. O impensável acto de agressão, que levou a uma mandíbula fracturada e a perda de tempo de jogo só parecia ser possível de acontecer num clube como os Jets, habituados a situações menos ortodoxas na sua longa e convulsa história. Mas a agressão, mais do que ser mascarada como um arrufo momentâneo, resume a história de vida de Geno: falta de estaleca para ser líder num balneário da NFL. Não se trata da defesa duma bárbara agressão, mas quem é o quarterback que, segundo a história contada, deve dinheiro a colegas de balneário? Sobretudo a um cujo salário anual (510 mil dólares) o faz contar todos os tostões? Falta de maturidade, de liderança e do que lhe queiram chamar. Se Enemkpali foi despedido sumariamente, Geno fica com o labéu que ninguém quer. Assistir, impotente, à forma como (não) foi defendido por aqueles que usam a camisola da mesma cor. E isso diz tudo, não diz?