Defesa de Sonho
Na profusão de acontecimentos que sucedem, a um ritmo vertiginoso, na NFL, é difícil qualquer fã manter-se a par não só de acontecimentos generalizados, mas sobretudo em relação às exibições de alguns jogadores. Com os holofotes mediáticos a preferirem o foco em jogadores de ataque, muitas vezes as prestações defensivas do jogador A, B ou C são totalmente ignoradas e subestimadas, nessa vertigem noticiosa. Mas numa liga cada vez mais “pass happy”, as prestações defensivas tem dado mostras de superação, sendo visível uma maior agressividade no pass rush e em prestações ímpares nas secundárias.
Decorrido já o primeiro quarto da temporada, quem são os jogadores que se têm evidenciado, a nível defensivo? Aproveitando a dica de um dos melhores sites dedicados, em exclusivo, à NFL (ProFootballFocus), destacaremos performances excepcionais, em ambas as vertentes do “defensive front”: 4-3 e o 3-4.
Defensive Front 4-3
Num 4-3 usual, com dois defensive ends e dois defensive tackles, não entrando nesta equação as “sub packages” primárias usadas pelos coordenadores defensivos, tornando o conceito em algo híbrido, eis a selecção das 4 primeiras jornadas:
Defensive Ends

Jason Pierre Paul dos New York Giants
Fonte da Imagem: BRADLEY J. PENNER/staff photographer. East Rutherford
Cameron Wake (Miami Dolphins) e Jason Pierre-Paul (New York Giants)
O nome de Wake parece-me consensual. Um antigo outside linebacker transformado agora em end que consegue manter a mesma capacidade de rompimento nas linhas do adversário. Costuma ser um erro evidenciado em muitas tabelas estatísticas analisar e catalogar as exibições dos defensive ends com recurso apenas à quantidade de sacks conseguidos. Se fossemos por aí, provavelmente Cameron Wake ficaria privado do merecido reconhecimento público. O seu trabalho, no front 4 dos Dolphins, tem sido precioso, conseguindo ser disruptivo e atraindo duplas marcações, o que tem possibilitado que outros elementos capitalizem o seu trabalho. Sem qualquer sack nas 3 primeiras rondas, mas coleccionando hits e pressões constantes sobre os quarterbacks, Wake conseguiu o momento alto da temporada ao abusar de Bobby Massie, no embate contra os Cardinals, conseguindo a espantosa marca de 4,5 sacks. Jason Pierre-Paul, por outro lado, parece estatisticamente menos activo do que no ano passado. Mas analisar isso, de forma superficial, também é um erro. O jogador dos Giants tem-se revelado um exímio defensor contra a corrida, num atributo até então algo desconhecido.
Menções Honrosas
Michael Bennet (Tampa Bay Buccanneers), Chris Clemons (Seattle Seahawks) e Chris Long (St. Louis Rams)
Defensive Tackles

Geno Atkins dos Cincinnati Bengals
Geno Atkins (Cincinnati Bengals) e Brandon Mebane (Seattle Seahawks)
Dois colossos, impressionantes fisicamente, mas totalmente diferentes na abordagem ao jogo. Atkins constitui um precioso trunfo, com a sua mobilidade a ser espantosa, num jogador de enorme compleição física. Atkins consegue trazer algo de precioso em qualquer linha defensiva: a pressão sobre o quarterback, vinda do interior. Por sua vez Brandon Mebane é um monstro contra a corrida, num estilo autoritário e que veda completamente o interior do front seven a qualquer pretensão de running backs.
Menções Honrosas
Gerald McCoy (Tampa Bay Buccanneers), conseguindo finalmente mostrar os predicados que o transformaram numa enorme esperança, quando veio do draft; Kyle Williams (Buffalo Bills), um dos únicos elementos da linha defensiva dos Bills que não tem decepcionado e Randy Starks (Miami Dolphins)
Linebackers
Von Miller (Denver Broncos), Karlos Dansby (Miami Dolphins) e Chad Greenway (Minnesota Vikings)
Von Miller continua a temporada onde tinha terminado a do ano passado. Em grande, trazendo pressão quase constante contra as linhas ofensivas contrárias. Presença omnipresente, é uma ameaça ao jogo aéreo e, cada vez mais, ao jogo corrido, como demonstra o número de paragens defensivas conseguidas. Chad Greeway caminha a passos largos para realizar a melhor temporada da sua carreira. À imagem de Miller, parece que levita em todas as zonas do campo, ora defendendo um passe, ora contribuindo para parar um running back em campo aberto. Dansby voltou às boas e sólidas exibições, sendo a pedra nuclear na defensiva dos Dolphins, contra o jogo corrido.
Menções Honrosas
KJ Wright (Seattle Seahawks) e DeMeco Ryans (Philadelphia Eagles), que se tornou a peça que faltava na defensive dos Eagles, precioso contra o jogo corrido.
Defensive Front 3-4
No esquema táctico 3-4, os jogadores que se têm evidenciado são:
Defensive Line
JJ Watt (Houston Texans), Calais Campbell (Arizona Cardinals) e Haloti Ngata (Baltimore Ravens)
JJ Watt, se a temporada terminasse agora, recolheria unanimemente os votos para Defensive Player of the Year. Líder em sacks na NFL, jogando num dos extremos da defensive line, tem realizado uma temporada notável, sendo neste momento o maior terror das linhas ofensivas. Calais Campbell, numa outra dimensão, tem feito praticamente o mesmo, dominando por inteiro o jogo corrido. Peca apenas por não conseguir ser tão explosivo como Watt, como pass rusher. Ngata dispensa apresentações. Parece mais dinâmico, este ano, criando brechas constantes na linha do adversário. Numa equipa sem Terrell Suggs, Ngata tem capitalizado a ausência do colega para sobressair no número de pressões sobre o quarterback.
Menções Honrosas
Justin Smith (San Francisco 49ers), Aubrayo Franklin (San Diego Chargers), que finalmente ficou confortável no esquema 3-4, esquecendo a sua passagem pelos New Orleans Saints e Muhammad Wilkerson (New York Jets), um dos únicos destaques positivos nos Jets, magnífico contra o jogo corrido, com excepção do desastre global contra os 49ers.
Outside Linebackers
Ryan Kerrigan (Washington Redskins) e Clay Matthews (Green Bay Packers)
Kerrigan, mesmo tendo perdido o seu companheiro de lado (Brian Orakpo), tem imprimido velocidade e consistência à defesa dos Redskins. Tal como Matthews, conseguem ser o destaque nas respectivas equipas, colocando sempre uma pressão enorme sobre o jogo aéreo do adversário. Matthews entrou em 2012 de forma exemplar, adicionando 6 sacks nas 2 primeiras jornadas.
Menções Honrosas
Escolher apenas dois OLBs numa vasta gama de possibilidades leva a injustiças. Como a de privar DeMarcus Ware de fora dos titulares, nesta equipa virtual. O linebacker dos Cowboys continua a impressionar, pela ferocidade que coloca em cada jogada. Foi o único destaque da equipa de Dallas, na derrocada caseira contra os Bears, atormentando Jay Cutler e a sua guarda pretoriana toda a noite. Justin Houston, no seu 2º ano, elevou o jogo a um patamar de excelência. Conseguiu a exibição da sua ainda curta carreira no emblemático estádio dos Saints, destroçando Drew Brees e a linha ofensiva, numa monumental exibição. Só não faz parte dos titulares depois de ter sido completamente “secado”, no jogo caseiro frente aos Chargers, pelo right tackle Jeromey Clary.
Inside Linebackers
Navorro Bowman (San Francisco 49ers) e Sean Lee (Dallas Cowboys)
Não é totalmente inofensiva a escolha deste duo. A sua conexão, nesta equipa virtual, visa aproveitar a empatia registada enquanto colegas universitários, em Penn State. Se juntarmos os seus predicados individuais, realizados nas respectivas equipas, e os juntarmos, imaginam só o que eles fariam? Bowman ameaça Patrick Willis pelo título oficioso de melhor linebacker interior, não só nos 49ers, mas na própria liga. Pródigo no jogo corrido, constitui uma máquina de tackles, tal como Sean Lee.
Menções Honrosas
Patrick Willis (San Francisco 49ers). A sua presença nesta espécie de banco de suplentes poderá ser vista como um crime de lesa-majestade, mas a realidade é que ele ainda possui todas as faculdades que o tornaram uma lenda viva. Daryl Washington (Arizona Cardinals) beneficia do excelente momento de forma do conjunto de Arizona
Cornerbacks

Tim Jennings dos Chicago Bears
Tim Jennings (Chicago Bears), Johnathan Joseph (Houston Texans)
Se isto fosse um daqueles programas de entretenimento televisivo e o apresentador disparasse a seguinte pergunta: “Quem é o melhor cornerback da NFL, com Darrelle Revis de fora?”, o que responderiam? Muito provavelmente a escolha seria quase consensual, com Johnathan Joseph a ser o eleito. Uma “man-to-man corner”, com as skills todas que o transformam numa presença radioactiva na secundária dos Texans, levando os quarterbacks a optarem por lançar para outras paragens. Tim Jennings, por sua vez, tem números quase obscenos, em 4 partidas. Quatro intercepções e uma série elevada de passes defendidos mostram bem a sua eficácia, que é sobretudo visível no rating dos quarterbacks que o defrontam e lançam na sua direcção. 15,9% de acerto nesses passes. Isso diz tudo acerca de Jennings, certo?
Menção Honrosa
Cortland Finnegan (St. Louis Rams) revelou-se uma escolha acertada por Jeff Fischer, apreciador do atleta que treinou nos Tennessee Titans. Impacto imediato na secundária, com várias intercepções e marcações impiedosas (recordo apenas o momento em que Josh Morgan, dos Redskins, perdeu a cabeça na altura crucial do encontro, atirando a bola em direcção a Finnegan, num custo de 15 jardas que levou a que a equipa saísse de posição de field goal). É igualmente consistente no slot, como nickelback.
Safeties
Harrison Smith (Minnesota Vikings) e Kam Chacellor (Seattle Seahawks)
Smith tem atraído as atenções pelo seu trabalho na cobertura ao passe, funcionando como o safety mais atrasado no campo. Uma enorme colecção de passes defendidos demonstram ao certo na sua aquisição, no último draft. Sem erros de monta e revelando boa leitura das jogadas, é um dos upgrades idealizados por Rick Spielman para reforçar a secundária, com excelentes resultados até à data. Chancellor mantem o nível exibicional do ano passado, fazendo parte de uma das defesas mais coesas da prova.
Menções Honrosas
TJ Ward (Cleveland Browns), regressado após lesão, é um tampão na secundária dos Browns e um dos motivos pelo qual a equipa, mesmo estando sem vitórias, consegue ser minimamente competitiva.